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Leitura do Max, leitura do Paulo

Segunda-feira. Li um texto novo do Paulo. O que me fez pensar a respeito de o que quero da minha vida de agora em diante. Para depois ouvir a resposta em meu peito: nada.
*
O Max leu meu texto hoje e me perguntou porque a personagem continua viva. O que a faz viver, Fal, dia após dia. Ela tem uma missão? Ela tem esperança? Ela tem um amor, um filho, uma causa? Não sei explicar a verdade para o Max porque eu mesma a desconheço. Ela está viva. Ela está. Sem causa, sem um Yoda, sem horizonte, sem artigos dez dicas para terminar seu livro. É o livro mais dífícil que já escrevi na vida. Choro enquanto escrevo e falo sozinha (mais do que de hábito). Não posso parar, assim como a minha narradora continua viva, porque sim. Eu e minhas respostas de adulto. Sei disso.

19 de novembro de 2023

Passei os últimos meses lendo acerca da eleição na Argentina, um pouquinho obcecada, talvez. Aprendi direitinho como funfa o sistema, os sins e os nãos, as regras, os direitos. Conheci uns jornalistas sensacionais, aprendi gírias novas, vi mapas incríveis, li um bocado sobre a história argentina. Vi debates, horas e horas de programas de entrevista, segui campanhas e cantarolei jingles. Meu irmão até me explicou, com riqueza de detalhes como se clona um catiorro e, olha, que processo horrendo. É coisa bem feia. Aprendi demais, demais. Enfim. Tudo isso pra dizer que, como qualquer pessoa sensata, lamento. Deploro a imprensa de lá e a daqui (ESPECIALMENTE a daqui) nesse jogo nojento do tanto faz.
Tanto faz porra nenhuma, hermanos. Que tristeza.

Meu amigo comprou um negócio pra casa dele

Meu amigo comprou um negócio pra casa dele e mandou entregar aqui. De modos que, depois duma aula divertida (minhas quintas-feiras têm um povo divertido demais), enquanto esperava a entrega piquei meio quilo de cebola o mais petitico que pude. Entreguei as cebolículas a uma colher de manteiga derretida na frigideirona pelando, fogo baixo. Lembro de quando Alexandre comprou essa frigideirona. Ela tem um nome especial, não sei mais qual. Estávamos na Liberdade com a Telinha e a Carina. Era um dia de festival, ruas lotadas, papeizinhos coloridos pendurados pra todo lado e agora me pergunto quantas e quantas vidas uma pessoa pode viver. Quantas, quantas. Enfim, vinte anos depois da morte do Alexandre, eis aqui a frigideira dele em muito melhor forma do que eu, resistindo ao fogo, à manteiga borbulhentinha, à cebola que derrete. Piquei dois maços de cebolinha, taquei lá também. Na tevê o Octávio Guedes faz um paralelo entre alguma coisa que o Lacerda fez um dia e alguma coisa que o governo ou alguém do governo tá fazendo agora, não sei bem, não tava prestando muita atenção e não entendo de Lacerda. Só gosto de ouvir o Octávio, a voz dele tão carioca, as piadas, a cara de quem sabe alguma coisa que eu não sei (no caso dele, várias e várias coisas). Tenho textos para mandar pro Paulo, devo textos pra Suzi e pra Pri, tenho muitas aulas pra preparar, mas tou aqui com a cebola que se transforma, planejando um curry apimentado que fará minha língua latejar e meu nariz arder.

(Depois duma terça-feira com Joana – apesar de divertida, minha menina das terças-feiras –, ouvindo espanhóis e seus sotaques, arrogância e graça, senti muita falta dos sanduíches com tudo dentro da mãe do Stra e a sensação que alguma comidas trazem: aquela que nos diz que tudo “vai ficar bem, fica gelo”. Faz muito tempo que não me sinto assim. Por isso o curry, acho.)

Um dia

Alguns relacionamentos são feito o filme de dobermans com o Fred Astaire, né. O velho tá lá, em forma, a mesma cara que aprendemos a amar ainda jovens, os catiorros são uma fofula, mas pelamordedeus, filme de dobermans com o Fred Astaire, né.

Então que o cara é amigo, tá tudo bem, compartilhamos outros amigos ou trabalho ou planos ou uma casa ou filhos e canções e memórias e a receita secreta de sorvete de nata da finada tia Abigail e, ainda assim, pelamordedeus.

Algo se perdeu ainda que o eco sobreviva, o que torna tudo mais triste.

Insuportavelmente mais triste.

outros fins de mundo

Por que fazemos o que fazemos? Dia após dia após dia. Por que continuo a insistir e a sonhar e a desenhar e a planejar um bolo? Por que continuo a? O que me impede de me tacar na frente de um ônibus em alta velocidade? – coisa na qual vivo pensando. O que me impede de ir a meia dúzia de psiquiatras diferentes e munida dum monte de receitas e uma garrafa de vodca acabar com tudo? O que me leva a comprar mais um livro, mais um OMO líquido, mais uma camisa que, eu sei, vai ficar ridícula no meu corpo disforme que pode passar meses, meses sem receber um abraço? Por que eu continuo? O que faz uma pessoa de passado horrendo e sem qualquer futuro, prosseguir? Para que e para onde são as perguntas que vêm a seguir. Mas o por quê paira sobre mim como um espírito ruim.

Escreva uma carta de amor.


Alguém me contou – e eu não corri atrás da confirmação, como faço com tudo em que desejo acreditar – que é possível mandar uma carta de amor para a Mona Lisa. O museu criou uma caixa postal só dela e você pode mandar poemas ruins, declarações malucas e cometer comparações estranhas do tipo dizer que os olhos dela são como com lagos profundos e misteriosos.
Você pode escrever cartas de amor para a Mona Lisa.
Ela não vai ler, claro.
O velho Leonardo também não.
Mas você terá tirado do peito aliterações de quinta categoria, versinhos do pé quebrado, tolas fantasias e desejos suspirosos. Dará ao seu amor um formato e até um endereço e poderá, enfim, voltar a arrumar suas gavetas e empilhar livros lá no escritório.
Tem quem se ofenda com declarações de amor, eu sei, mas a Mona Lisa parece ser mais gentil do que essa gente. Escreva uma carta de amor.

Vem cá, meu bem

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Águas Passadas