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Em Roma como no amor

Donato, por mim, seria o Imperador da Porra Toda

O Bento hoje me ensinou que, em 146 a.C.,as coisas mudaram.
Roma voltou seus olhinhos cobiçosos para a Grécia e tomou Corinto. A gente manja o rolê: cavalos, navios, rapazes motivados e a promessa dum império brilhando como nunca depois de encher Cartago de porrada.
Roma, em Corinto, não fez o de sempre – matar líderes, matar quem tivesse de matar e, pro resto, estender a mão. Cês querem ser do nosso bonde? Claro que queremos, Roma.
Roma agia como age o amor, né, primeiro destruía, arrasava e queimava, depois convidava a ser ser cidadão, a ser parte da turma, a ser Roma.
Ao conquistar Corinto, porém, Roma agiu como em Cartago: arrasou a cidade e matou todo mundo. Ponto.
Ao mesmo tempo, dizer que não sobrou Corinto em lugar algum é ingenuidade: também como o amor, Corinto alterou Roma para sempre, vivendo nela para sempre. Destruída, Corinto fez com que Roma mudasse – conseguir o que desejamos altera o objeto do desejo, mas também a nós mesmos, mas também ao desejo.
Tomar Corinto engrandeceu Roma, tomar Corinto transformou Roma nalgo que não era mais Roma e que, para sempre, foi Roma.
Evidentemente liberei o Bento sete minutos mais cedo. Tamos aqui pra estudar inglês, não pra ficar escarafunchando meus ais, menino.

O passado sempre volta

– numa história muito mais linda do que a vida real, Dido foi a primeira rainha de Cartago. <3

Hoje, de maneira torpe e traiçoeira, comecei o lento processo de apresentar uma mente jovem e impressionável a Cartago. Sem que a família se dê conta, como boa professora esquerdista que sou, doutrinarei esse pobre menino até que ele aceite Anibal Barca como seu senhor e salvador, convertendo-se à verdadeira fé.
Quando a família menos esperar estará passando férias no norte da África, visitando ruínas de termas e palácios desabados e sendo também doutrinada.

***


Quando Roma botou a cara pra fora da água, Cartago já desfilava pelo Mediterrâneo anexando territórios, destruindo cidades, estabelecida numa bem engendrada e cruel e eficiente rede de influência e comércio. Cartago, herdeira da Fenícia de muitas maneiras – inclusive usando seu alfabeto, baseado no alfabeto egípcio e, mais tarde, lindamente roubado pelos romanos – era uma espécie de hub da antiguidade, reunindo, usando, modificando e transmitindo o que havia de grego, de egípcio, de hitita, de etrusco, de núbio, de persa e de todo o resto do mundo alcançável num lombo de cavalo, num barco a remo.
Roma que, crescida, queria os mesmo territórios, tesouros e brinquedos, destruiu Cartago pouco a pouco, uma batalha depois da outra, por muito tempo, comprando a consciência de generais, virando mercenários de lado, roubando e copiando – tábua por tábua – navios de guerra, roubando estratégias, espancando professores em porões até que, famintos e apavorados, eles lhes contassem segredos sobre famílias cartaginesas ricas e seus filhos e hábitos (professores fazem coisas horríveis por comida e vinho, eu digo).
Roma lutou nos campos de batalha e mares, mas também nos corredores e embaixadas e portos e zonas comerciais. Então, um dia, e é assim mesmo que se ergue um império (impérios são coisas terríveis, não se iluda), vencedora de muitas guerras, Roma entrou em Cartago, tacou fogo em tudo, matou e escravizou, pilhou e estuprou.
Cartago nunca se reergueu e Roma ainda brilharia por séculos, desfilando pelo Mediterrâneo anexando territórios, destruindo cidades, estabelecendo-se numa bem engendrada e cruel e eficiente rede de influência e comércio.
Nisso tudo, temos meu belo Aníbal, seu pai terrível e impressionante, sua família disfuncional, sedições de toda sorte e intrigas palacianas que se materializavam em corpos sem vida acumulados nas praias. Mas essa é outra história para outro dia.

O estilo de vida para mim

Querido Paulo, fui escarafunchar fotos antigas. E áudios antigos. Sim. Eu guardei todos os áudios e cada foto de cada xícara de café, parafuso, cabo de aço, lata de tinta, termômetro de rua, subida de serra. Guardei uma foto deles no mar que eu absolutamente não deveria nem ter visto. Arrancar casquinha é uma espécie muito imbecil de estilo de vida. Daí me dei um tranco. Apaguei o arquivo e deletei, não ria, 673 fotos, armazenadas de 2016 a 2022 (o ano em que ele parou de falar comigo). Apaguei até a foto que tirei dele, um foto dele que só eu tinha nesse mundo. E agora eu estou me sentindo infeliz e miserável porque não tenho mais nenhuma foto dele. Daí que acabei mais um conto de fim de mundo, querido Paulo. Tou amando escrever sobre o fim do mundo. Esse sim é o estilo de vida para mim.

pulseira

eu fico procurando algum sinal que me magoe. quando encontro, me magoo..

Ninguém mais assina o blog dele

Engraçado que eu fosse a única assinante do blog dele. Engraçado no sentido de patético para cacete, você entendeu. Uma pessoa no mundo se importava com o que ele dizia, uma pessoa no mundo tinha esperança de que ele, um dia, voltasse a escrever. Eu.

O que nos ensina mais uma vez que a gente não dá a mínima importância para quem nos quer bem ou se importa conosco. Foda-se, querida. Ele me disse isso tantas, tantas vezes.

Vezes demais.

Vem cá, meu bem

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Águas Passadas