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Felicidade (foto de A.P.)

Um bairro pode desaparecer em Maceió. Por essas e outras notícias, prestamos atenção, afinal, ao sal-gema. E descobrimos que ele é extraído, a metros de profundidade, porque é importante para a indústria química. Está na água sanitária, no detergente, no bicabornato de sódio. Até na sua pasta de dentes.

E, algumas ilhas no Oceano Pacífico também. As ilhas Tuvalu, ao sul do Equador, estão ameaçadas. As águas estão subindo, por conta do aquecimento global. Para preservar a cultura daquele Estado, elas serão recriadas virtualmente.

Quanta coisa não sabemos e só ficamos a par quando o caos se instala.

Falando em movimentações, teremos posse de Javier Milei neste fim de semana. Temos Wladimir Putin falando em reeleição. Enquanto isso, a nossa economia nunca decepciona. Avança, mas sempre com obstáculos. Desempenho que “surpreende” o mercado, mas um caminho ainda muito longo. Gerações e gerações marcadas por uma forte desigualdade social. O Varejo fazendo o impossível, tentando equilibrar os gastos com o Papai Noel que atendam todos os bolsos. O Governo com incentivos sociais.

Em resumo: o planeta continua a fazer nossas malas porque simplesmente estragamos o meio ambiente; ainda há o básico, prato vazio em muitos lares brasileiros.

E o que sobra para cada um de nós?

O que nós têm é nós. Tá certo, Emicida.

Indo mais além, o que, afinal, há dentro de nós? Lá, bem no fundo, onde ninguém acessa – às vezes, nem você. É uma semente, por vezes mal germinada, que nem sabemos, mas é o que faz a gente acordar e sair da cama. É o para quê.

E, aí, meio adormecido, vemos graça na moça levando o cachorro para passear. Apreciamos ver pessoas na mesa de um bar. Rimos entre amigos. Vibramos com jogos de futebol. Observamos as frutas penduradas na lanchonete. Comemoramos que faz 20 graus Celsius lá fora – mentira, 29 graus Celsius.

O que sobra da vida, afinal, é o filé com fritas, é o refrigerante geladinho, é o abraço, é o agradecimento de alguém, é uma esperança de um projeto que vai ajudar muita gente.  É o silêncio. Ah, o silêncio das manhãs com cheirinho de café. Ah, as folhas balançando ao sabor do vento. O seu filho feliz com água fresca.

Ah, a vida e suas sobras, seus momentinhos.

Com as próprias mãos

por Andréa Pontes

Giovani tentando fazer amizade (Foto de A.P.)

O crescimento da economia avançou em 0,1% no último trimestre.  Diante dos juros – ainda altos – endividamento elevado, havia expectativa de recuo do PIB. Porém, a economia vem resistindo e o consumo aumentando, o mercado de trabalho está aquecido. As iniciativas sociais vêm abrindo mais caminhos para mais famílias terem comida à mesa. Os serviços crescem com isso, seguido pelo comércio e pela indústria.  Em contrapartida, o setor de construção civil vem sofrendo nos materiais e insumos.

O Governo luta para manter as contas públicas saudáveis. O Banco Central divulga um superávit de 14,8 bilhões de reais em gastos – sobrou dinheiro em outubro. No entanto, não é um bom resultado ainda para as contas públicas. O fim do ano vem chegando com a conta de balanço. O déficit é de R$ 150 bilhões. Ou seja, precisaríamos desse dinheiro para cobrir a conta. E em 2024, já se espera um saldo negativo. A economia avança, mas a arrecadação foi menor. Manter o equilíbrio da balança da Economia é sempre muito desafiador.

Mas, para um primeiro ano de arrumação de casa, há notadamente um esforço.

Estamos vendo conflitos entre Venezuela e Guiana. Motivo: petróleo. A Guiana quer paz – nós também. Já o presidente Nicolás Maduro quer revisão do mapa. A Guiana está apelando à ONU para que a geografia se sobreponha aos interesses de mercado. Uma certa dor de cabeça ao Governo Brasileiro para sair da saia-justa. Por outro lado, o presidente Lula vai bem na Europa, fechando nada menos do que nove contratos de investimentos com a Alemanha.

Dados do IBGE confirmam que um a cada cinco jovens não trabalham e nem estudam. São mais de sete milhões e 76% estão abaixo da linha da pobreza. Além disso, 68% são pretos ou pardos. Cerca de 60% são mulheres, com filhos pequenos. Esse é o verdadeiro retrato da desigualdade social, do racismo estrutural, da falta de equidade de gênero. Combater a pobreza, as mazelas, e tudo o que infelizmente vem junto com isso é mandatório. Apoiar Educação, Saúde Pública, Cultura são fundamentais para equilibrar esse jogo.

Em Copacabana, zona sul do Rio, moradores estariam organizando grupos para “caçar” bandidos. Nos Estados Unidos, um atirador atormentou estudantes da Universidade de Nevada. Do outro lado do mundo, o Japão aprendeu, a duras penas, que armamento não ganha guerra e nem soberania. Elaborou uma Constituição pacifista, regulamentou o uso de armas e a violência por armas de fogo por lá é bem baixa. Fica a reflexão.

Outra reflexão é o meio ambiente apresentando as contas aos seres humanos. Essa semana, estamos diante de uma espera por afundamento de um bairro. Uma hora, o planeta faz as nossas malas de vez. Na Cop-28, há a tentativa de um compromisso por diminuir o aquecimento global. Suspiremos, mas sem muito alívio.

O jeito é respirar fundo e aguardar pelo 24 de dezembro.

Então é Natal.

Ser feliz com uma xícara de café e o texto de Galeano

por Andréa Pontes

E lá se vão anos – jamais diremos a idade certa

A foto de hoje representa tempos de Escola da Comunicação, da UFRJ. Nela, estou eu, Silvana Claudio (jornalista e psicanalista) e Fernanda Veneu (jornalista, pós-doutora pela Fiocruz e hoje atuando na CEFET, na luta pela divulgação científica). Amigas que a faculdade me apresentou. Uma época boa. O corre era grande. Trabalho, faculdade, estágio, a ousadia de trocar a carteira assinada por bolsa universitária para exercer a profissão. E, os 20 anos nos faziam achar graça de tudo isso. Ah, os 20 anos. Momentos de pressão, de coisas bacanas e do sofrimento de chegar a algum lugar.

Mas, afinal, quando é que a gente é, de fato, feliz?

Ouvi de um superamigo – um terceiro pai, para ser mais exata – algo muito sábio: “a gente não é feliz porque não sabe o que é felicidade”. Segundo ele, a gente condiciona ser feliz a coisas e a eventos. Quando eu eliminar 10 quilos; quando eu me casar; quando eu tiver filhos; quando eu começar o curso dos sonhos; quando eu…

É como beber um café. Prestando bem atenção ao momento, vamos enxergar um copo ou uma xícara, um café coado e bem-feito, por vezes por alguém que não conhecemos. Em um instante, somos felizes.

Por que não somos assim por mais instantes?

A gente não tem o hábito de praticar ser feliz. Tateando o texto de hoje, eu me deparei com uma publicação no Facebook do Zé Carota, jornalista e escritor. Não acredito em acaso. No conteúdo, um trecho de um texto impecável de Eduardo Galeano – como se fosse possível encontrar um defeito em alguma linha do escritor uruguaio. De quem sou fã, por ser ele um dos culpados por eu escolher o Jornalismo, por conta de As Veias Abertas da América Latina.

Galeano fala sobre não confundir o que é grandinho da falsa grandeza. Expõe o quanto é fundamental a ele, escritor – na verdade, a todos nós, Galeano – prestar atenção ao que os intelectuais geralmente desprezam – as pequenas coisas. Eduardo fala que caminhamos dez passos e a utopia caminha mais dez passos à frente, ficando distante de nós. O século XX prometeu a utopia de ser melhor. O século XXI, idem. Mas, os banhos de sangue insistem em nos rodear. É a utopia, sempre distante.

Mas, então, como é que se faz para ser feliz?

Ainda temos os covardes. Segundo Galeano, os sem consciência, que maltratam os mais sensíveis e, muitas vezes, nem se levantam das pancadas que recebem. Gente que vê graça em pisar em cabeças de seus semelhantes.  Difícil ser feliz assim, diante dessa característica descrita pelo nosso escritor.

Porém, tem o café. Aquele foguinho do texto que o uruguaio identifica na vida cotidiana, muitas vezes insone, que se recusa a reparar nos pequenos tesouros, os grandinhos. Cada um de nós tem luz própria. Uns maiores, outros menores. São histórias, na verdade. São vidas. Somos nós. E essas singelezas, a exemplo dessa bebida preta, com aroma que nos desperta, ser feliz, afinal, é viver de foguinhos, de luzes, pequenas, grandes, não importam.

Na minha semana, meus foguinhos foram Silvana, Claudio e o lançamento do livro Gozai por nós, Fernanda Veneu e o trânsito milagrosamente bom em dia de chuva, a tempo de um voo antecipado, meu terceiro pai, o café coado da padaria, lavar o cabelo, assistir ao documentário A Mão do Eurico e reviver o amor pelo Vasco, que meu pai tentou passar a mim, sem sucesso – em defesa, minha infância tinha Zico, Júnior, Nunes, Andrade, Adílio, Leandro, Raul. Mas, isso já é outro texto.

O fato é que nem tento traduzir o texto de Galeano. Ele foi, como sempre, o que eu precisava encontrar. Como uma boa xícara de café.

Post do Facebook aqui

Para viver sem medo, de Eduardo Galeano

A casa do Brasil

por Andréa Pontes

Depois da greve, a chuva (foto de A.P.)

A gente coça a cabeça. Olha o noticiário, as contas e fazemos escolhas. Assim é a dona de casa, eu, você, todo mundo. Com o Governo, não é diferente. A orientação é cristalina: gaste menos, arrecade mais. O combinado de arrecadação é de R$ 168 bilhões. Por um lado, taxação de fundos com rendas altas e offshore (investimentos fora do Brasil). Arrecadação prevista de R$ 20 bilhões. Por outro lado, a desoneração da folha de pagamento vai deixar de arrecadar R$ 20 bilhões. O aumento dos impostos afeta a indústria. Setores (calçados, por exemplo) já indicam cortes em postos de trabalho.

A gasolina sofreu queda no preço. Boa notícia. Já o diesel aumentou. O que significa: é inverno nos Estados Unidos e na Europa – casas precisam de aquecimento (diesel). Então, é uma época tradicional de aumento.

É aquilo. A mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta. De olho nesses movimentos de o Governo organizar a casa, o Copom – Comitê de Política Monetária – garante o combinado de chegar até 11,75%. Mas, está de olho na taxa de juros dos Estados Unidos, que vai mantê-los em alta.

Já no combinado que vários países fizeram de equilibrar o desequilibrado clima do planeta, compete ao Brasil proteger florestas e biomas do desmatamento. No Cerrado, aumento pelo quarto ano consecutivo. O Governo está mobilizado para reduzir índices. O presidente Lula está no Oriente Médio, vai participar da COP-28 e vai defender o combate ao aquecimento global. Já foi recebido por Mohammad bin Salman, príncipe herdeiro da Arábia Saudita, no Palácio Real Al Yamamah. Esforços não faltam. Mas, ainda há muita gente que precisa se convencer de que lucro por lucro não garante estadia aqui na Terra.

 

Metrô, trem, Sabesp e professores em greve. Um dia daqueles em São Paulo, que terminou com chuvas e trovoadas pela noite adentro. E, no Rio, traficantes assaltaram agentes da Força Nacional de Segurança no Rio de Janeiro. Os agentes disseram que o aplicativo de localização os induziu ao erro. Quem nasceu, foi criado, ou vive no Rio já sabe há tempos que o Rio é infernalmente democrático: não há fronteira entre favela e asfalto.

É o nosso Brasilzão. A gente sofre. Mas é nosso.

Vem cá, meu bem

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Águas Passadas