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Desinformação, teu nome é PIX

por Andréa Pontes

Imagem em IA

Nos dias de hoje, entender sobre a desinformação é crucial. Ela tem sido uma ferramenta para lá de estratégica em desnortear discursos. É cada vez mais recorrente e, acredite, há quem ganhe com isso.  

Vejamos a crise de comunicação atual, sobre o PIX. O secretário da Receita Federal, Robson Barreirinhas, tem incansavelmente concedido entrevistas para explicar que nunca houve cobrança e nem vai haver para quem utilizar o PIX. O Governo tem investido em campanhas e peças publicitárias, colocou até o presidente Lula gravando um vídeo. O Ministro da Fazenda, Fernando Hadad, subiu o tom hoje e declarou que quem continuar espalhando essas informações falsas terá consequências jurídicas.

Essa reação fez com que o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) mudasse a declaração sobre a taxação do PIX. Porém, não mudou o tom, insinuando que o Governo pode (em jornalismo, verbo jamais conjugado) vir a pensar em taxação. O fato é que o vídeo alcançou 120 milhões de visualizações em apenas 24 horas. Por esses e outros vídeos, utilizando até o próprio Ministro Hadad, com Inteligência Artificial, muitos brasileiros estão com medo de utilizar o PIX. Já há alguns registros de comerciantes cobrando taxas para quem utilizar o PIX.

No fim, o Governo recuou sobre dados de transações das operadoras de cartão de crédito, fintechs para movimentações acima de R$ 5 mil. O Governo vai ainda editar uma Medida Provisória para garantir que o PIX não seja taxado. O que vai combater cobrança de valor diferente entre dinheiro em espécie e PIX. A monitoração continuará , só que por conta da onda de notícias falsas, o reforço da mensagem será sobre gratuidade e sigilo. E a Polícia Federal abrirá inquérito para investigar os criminosos que espalharam ondas de desinformação.

Quem, por ora, ganha o jogo: tráfico, crimes cibernéticos e sonegadores.

Ou seja, o estrago está mais do que feito. Em uma situação crítica, tudo o que se objetiva é amenizar os efeitos. O Governo anunciou recuo na medida de monitoramento, até que a Medida Provisória confirmando   O Banco Central explica que é mais do que natural uma queda na transação financeira em janeiro – até pelos efeitos de maior consumo em dezembro (Natal, Ano Novo). Mas, o noticiário vem levantando a bola que é efeito das fake news.  Um parêntese, aqui. É mais do que habitual o noticiário vir com manchetes para chamar a atenção da audiência. É só recorrer a históricos “Notícias Populares” (SP), O Povo (RJ) e, o mais atual e famoso Meia Hora para entender que uma boa manchete atrai audiência e gera cliques – o que, outrora, era uma galera rodeando a banca de jornal, hoje é a galera ‘clicando’. Isso gera visualizações e rendimentos.  E não é incomum ver o texto menos carregado do que a manchete. Infelizmente, é o que mais fazemos – a gente se contenta em se informar pelas chamadas do noticiário, quando, na verdade, deveria ler o texto. A informação vai além do alcance de um simples clique.  Fecha parêntese.

Pois bem, nessa guerra pela informação correta, nós, os mortais, perdemos. O PIX é só mais um caso. Não à toa os veículos investem em editorias ‘fato ou fake’, porque se tornou essencial desmentir. E, é bizarro, mas há quem defenda a desinformação, porque é negócio.  Para quem desdenha da comunicação, um alerta – ela está intimamente ligada à formação de opinião e tem sido disputada, pois é ouro para vencer eleições, conquistar corações e mentes, fazer o valor de ações em Bolsa de Valores subir.

Mentira ganhou pernas longas.

E aquele básico, que nunca muda, por mais que tentem esconder, nunca foi tão importante: conhecer com quem fala, manter a conversa, para evitar ruídos.

Pedra Bruta: O sertão de Guimarães Rosa está em nós

por Andréa Pontes

Luisa Arraes e Caio Blat

Férias. Trabalho. A programação da tevê solta alguns especiais. Um deles, uma minissérie de quatro capítulos, baseada no livro Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa. Adaptada para o momento atual e à área urbana, algo que me surpreendeu. Além das atuações brilhantes de Luís Miranda, Rodrigo Lombardi, Mariana Nunes, Caio Blat e Luisa Arraes, as frases de Guimarães Rosa e o sertão sendo retratado pela pobreza e a miséria urbanas, a história toda fala com o sertão que há em nós. O sertão solitário e que nos acompanha.

Seja pelas tragédias de vida que vivemos e como elas vão junto com a gente vida afora.  Ou pelo caminho de tentar fazer o certo em uma realidade cruel. O mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando, explica Rosa por meio de seus personagens.

O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. A aspereza diária também tem sua beleza, porque ela nos torna, um dia, mais serenos em meio ao caos. Mais atentos aos nossos, mais presentes. 

Mesmo em uma vida perigosa, como a retratada no sertão da vida, a gente passa, enfim, a encarar e a se encarar de frente. A assumir responsabilidades, a cuidar do nosso jardim, da nossa terra. A se calar mais. Voamos, caímos, batemos com as asas no chão do jeito guimareano de ser.  Feito um conselho de Zé Bebelo, de que  a gente carece de fingir às vezes que raiva tem, mas raiva mesma nunca se deve de tolerar de ter. Porque, quando se curte raiva de alguém, é a mesma coisa que se autorizar que essa própria pessoa passe durante o tempo governando a ideia e o sentir da gente.

Outro dia, nessas de rolar telas nas redes sociais, ouvi da jornalista Izabella Camargo uma provocação. Quem aqui usaria um par de tênis caríssimo, mas com número menor? Ela então explicou que, com o tempo, os pés estarão com bolhas e doloridos e vamos deixar de andar.  Tentar caber onde não se cabe mais. Assim é nosso sertão interior. A gente tenta empurrar para trás, quando percebe, ele está lá novamente nos cercando.

O jeito?

Viver.

Pedra bruta: Brasil da democracia, de Fernanda Torres, de Luciana Sagioro

por Andréa Pontes

Casa onde foi filmado Ainda estou aqui, na Urca, zona sul do Rio (divulgação)

Hoje, 8 de janeiro. Dois anos de tentativa de golpe. Várias atividades pautadas para que nós não nos esqueçamos de que quase a democracia foi para o beleléu. Decisões marcantes e estratégicas do Governo Federal, começando pela troca de comando da Secretaria de Comunicação. Sai Paulo Pimenta, entra Sidônio Palmeira, que deu a mão para o presidente Lula, na campanha eleitoral de 2022. É relevante o papel da comunicação – sempre, é o elo entre reputação, formação de opinião, combate à desinformação. Sobretudo, em 2025. Estamos às vésperas das eleições presidenciais no Brasil. 2025 é um ano a ser marcado por julgamentos e investigações – dos atos golpistas de 2023, das emendas sem transparência.

Um ano com indicadores econômicos bons. Palavras do próprio mercado.  O Índice de Confiança do Empresariado registrou o maior indicador de confiança desde 2013 – quase 100 por cento.  A conjunção adversativa é parte das análises do mercado. Mas, porém, contudo, todavia, o mercado está preocupado com as políticas sociais, as reformas. Desconfia desse crescimento contínuo. 

Não é uma luta fácil. Tanto o é que o Ministro Fernando Hadad precisou adiar as férias. Para manter-se firme nos diálogos com o mercado. E isso será fortemente pautado no noticiário. E determina, inclusive, apoios políticos.  Não podemos esquecer da política externa. Ontem, Marck Zuckenberg, CEO da META, que inclui Facebook e Instagram, defendeu o não uso de verificação de informações para combater notícias falsas. Um discurso cristalino de apoio a Donald Trump, que está a um passo de assumir a Casa Branca. Zuckenberg não se restringiu aos EUA e dirigiu indiretas (diretas) à América Latina e à Europa sobre o que considera que combater a desinformação é (pasmem) afetar a liberdade de expressão.

“Se ainda estamos aqui, é porque a democracia venceu”, disse hoje o presidente Lula. Por falar nisso, “Ainda estou aqui” está sendo corado em Hollywood e no Brasil. A nossa Fernanda Torres conquistou o Globo de Ouro de melhor atriz. Ah, mas é branca, é privilegiada. Ah, mas prefiro a declaração de uma entrevistada – uma mulher negra, salvo engano, de Minas Gerais: “É o meu Brasil, é o meu Brasil, é o meu Brasil, eu nem pensei nela (Fernanda Torres) como pessoa, pensei num todo, eu nem estava (lá), mas era para mim aquele prêmio, era pra todos os artistas”.

Assino embaixo.

Também é do Brasil a bailarina Luciana Sagioro. Ela chegou à Ópera de Paris e se tornou a primeira brasileira a fazer parte da companhia. Começou em Juiz de Fora, aos 15 foi morar sozinha, aos 16 conquistou uma bolsa para dançar balé pelo mundo.

É o Brasil.

Brasil.

Pedra Bruta: Além do horizonte        

por Andréa Pontes             

Fim de tarde no Rodoanel Mário Covas. Foto de Andréa Pontes

Essa foto aí é do Rodoanel Mário Covas. Fim de tarde. Uma hora a mais de Rodovia Dutra do que o previsto.  A parada, quase obrigatória logo após subir a Serra das Araras, mais cheia do que o habitual. Mas, a comidinha sempre ótima, o espaço pet friendly e um dono do estabelecimento que entende de carros e encanta o filho.

O Waze, esse fantástico aplicativo de 2008, que utiliza o GPS, invenção da década de 1960, nos convidou a irmos por dentro de cidades até então invisíveis nessa rotina RJ-SP.  Cidades cujos telefones têm prefixo 12, Vale do Paraíba. Perto e longe da capital São Paulo. Com direito a estações de trem; um centro da cidade com uma papelaria chamada de “A Donzela”; bares e quiosques lotados; uma jovem passeia a cavalo; algumas bicicletas circulando. Aquele supermercado com marca local ocupando um quarteirão.  Colégios. Igrejas. Igrejinha.

Ainda temos pontos turísticos…. a penitenciária onde está preso o Robinho; a cidade onde Geraldo Alckmin nasceu. Brasil nunca decepciona. O ano está começando e eu já confundo a data para desmontar a árvore de Natal. Boas notícias. A amiga que finalmente responde às suas mensagens; as amigas que nunca se esqueceram de você. A amiga que conquistou uma nova jornada. A mensagem boa e inesperada. E a esperada que já nem machuca como antes.

O de sempre te espera: a roupa a ser lavada, o mês de janeiro longo para a conta bancária. Anotações mentais para pensar de forma menos antecipada. Prestar atenção no que sempre fez mal. De repente, muitas coisas fazem sentido. E novos caminhos sem sentido se abrem.

Saber onde pisa; ser surpreendida por passar onde não foi planejado. Ver que ainda há pendências.  Até segunda-feira, o tempo vai devagar.

E a vida vai.

Indo.

Vem cá, meu bem

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Águas Passadas