catiorro

não consigo mais escrever cachorro, agora só chamo eles de catiorro.
que saudade do meu baquinho.
não consigo mais escrever cachorro, agora só chamo eles de catiorro.
que saudade do meu baquinho.
Primeiro ponto é que não importa se você acha que silenciou todo mundo que poderia postar fotos cruéis do Rio de Janeiro: não você não silenciou, não, e num sábado à noite triste pra caralho, um soco no olho do perfil que você menos esperava vai te alcançar e você vai chorar encolhida na cama. Ele ainda tem cara de cruza de duende e roedor gorducho, mas isso não me alivia em nada, sinceramente.
Segundo ponto é que isso aqui não é a quinta série: as pessoas vão continuar amigas e sorridentes com o cara que foi filha da puta com você.
Isto posto, até aqui o dia foi bom. Eu faria novos amigos se soubesse como. Não sei. Não me lembro como fiz os mais ou menos amigos de agora. Perdi a mão, se é que um dia a tive.
Se meu professor de lógica, o Mauro, fosse vivo, ele me diria para fazer a “equação do contrário” que era como ele mandava a gente resolver tudo. Nesse caso, acho que ele diria algo como “você faria amizade com você mesma?”. A resposta só poderia ser “não, de jeito maneira” e ele então diria: “tá aí sua resposta”.
Nalgum momento, não entender o mundo como ele se dá, não saber fazer o que todo mundo sabe, não entender referências culturais e códigos deixa de ser uma gracinha e sinal de personalidade e se transforma num enorme peso amarrado no pescoço que nos leva mais e mais e mais para o fundo. É silencioso aqui. Solitário também. Ao mesmo tempo, quem tem energia ou desejo para bater as pernas na direção da superfície?
Eu leio, acho a conversa incrível, mas não sei o que dizer pra participar. Acho que porque minha vida é muito diferente da vida de todo mundo que eu conheço, não tenho assunto. Não escuto os podicastes, não acompanho as novidades, não gosto de nada, não tenho energia. Alguém me manda um linque duma “série incrível do ispotifái” e eu só gemo. “Esse podicaste de crime, de casa malassombrada, de amor, de esperança, de autocuidado, Fal!”, e nem sei por ronde começar. Ando na beira do ataque de choro, todo o tempo. Neste exato momento, se eu não estivesse segurando para caralho, tava tendo uma crise de choro. Outra.
Fui explicar pra alguém porque acho horrível a ideia de ter determinado livro sob a bandeira da minha editora e quase, mas quase mesmo, chorei.
Estou exausta.
Existem maneiras de resolver isso, eu sei, mas a logística é tão complicada. Sites (geralmente norte-americanos) oferecem alguns caminhos, mas é tudo complexo e demanda providências que não sei alcançar.
Nada me alivia. Estou exausta.