Pular para o conteúdo

Status

Eu leio, acho a conversa incrível, mas não sei o que dizer pra participar. Acho que porque minha vida é muito diferente da vida de todo mundo que eu conheço, não tenho assunto. Não escuto os podicastes, não acompanho as novidades, não gosto de nada, não tenho energia. Alguém me manda um linque duma “série incrível do ispotifái” e eu só gemo. “Esse podicaste de crime, de casa malassombrada, de amor, de esperança, de autocuidado, Fal!”, e nem sei por ronde começar. Ando na beira do ataque de choro, todo o tempo. Neste exato momento, se eu não estivesse segurando para caralho, tava tendo uma crise de choro. Outra.

Fui explicar pra alguém porque acho horrível a ideia de ter determinado livro sob a bandeira da minha editora e quase, mas quase mesmo, chorei.

Estou exausta.

Existem maneiras de resolver isso, eu sei, mas a logística é tão complicada. Sites (geralmente norte-americanos) oferecem alguns caminhos, mas é tudo complexo e demanda providências que não sei alcançar.

Nada me alivia. Estou exausta.

Assunto

Escrevo para você. Ainda. Sempre. Escrevo para você. Escrevo quando posso, quando não posso, escrevo para você. Com raiva, com saudade. Com imenso pesar, após o recado do gentil patrocinador, escrevo para você. Você não quer ler, nunca quis, nunca leu. Mesmo quando me proibiu de escrever, você não leu. Ainda assim, eu escrevo para você. Com medo. Com dor. Com assunto. Sem assunto. Sem vergonha. As palavras voam pelo território sagrado Da Nossa Senhora e o alcançam. Você não sabe. Você não quer. Você não sabe. Incapaz, você. Burro, você. Cruel, cruel. Escrevo para você, derramo o que há de melhor em mim. Você odeia. A mim, às palavras. Sei disso. Escrevo.

Querido Paulo

Querido Paulo, tenho olhado muito em volta. Sabe? Tenho olhado para fora e buscado luz e sombra em cada canto. Tenho procurado as definições. Antes, as descrições, chamar de verde o que é verde, de grande o que é grande. Quais substantivos, quais adjetivos descrevem o que vemos? Aliás, o que vemos? Não o que desejamos ver, não o que detestamos ver, mas o que vemos nós da nossa janela, com a mente o mais limpa que pode estar? O que vejo, como vejo e que filtros preciso descartar. Tenho buscado as palavras e elas não me vêm, ou me vêm, mas não exatamente como quero ou preciso, então tento mais e mais, como se fosse alcançá-las algum dia por meio de desejo, técnica, método, determinação e bunda na cadeira. Talvez, querido Paulo, elas me alcancem por uma combinação de todos os fatores acima e mais o treino que a Marli me deu a vida toda, com seus livros e análises e exploração miudinha dos dicionários. Talvez as longas falas do meu pai acerca da vida, seus gritos atemorizantes e seus gibis do Asterix estejam aqui em algum lugar. Talvez os livros do meu irmão, loucos, novos, escritos por gente de quem nunca ouvimos falar mostrem a direção, depois de farejarem o ar e eriçarem o pelo. Talvez o Henrique V do meu primeiro namorado, talvez as centenas de romance de banca que traduzi, talvez o Erico Verissimo olhe por mim – eu que me converti à fé dele tão tarde na vida. Talvez a Nepomuceno não desista ainda de mim e o Max me mande e-mails loucos e a Suzi concorde em fazer uma daquelas reuniões de sábado em que eu sempre choro. Talvez, querido Paulo, você ainda me leia, anote nas margens o que não faz sentido ou o que tem de mudar de lugar, talvez você faça citações complexas que eu possa roubar.

Talvez assim, com tudo isso, por muito tempo, voltem a mim as palavras que precisam voltar e voltar e voltar.

Sala de espera

Sabemos que três vezes por semana todos os atores da Inglaterra – acima duma certa idade – reúnem-se na sala de espera da fisioterapeuta e ficam batendo papo, daí, a cada quando um diz pro outro o que cê tá fazendo de legal? e a resposta é nada ou odeio minha filha, então fico na praça o dia todo e daí um bota ideia tonta na cabeça de melão do outro e daí eles decidem fazer um filme bem nada a ver tipo um assalto cretino ou um lance de nado sincronizado ou um de atravessar o Canal da Mancha ou de ir no enterro dum migo ou um tipo Poirot e daí um lembra vamos chamar o Branagh, mas o outro diz que não, não, ele inda tá na fase de ser vilão de filme de ação e o outro diz é mesmo, já já ele alcança a gente e o outro diz ótimo, vamos trabalhar porque gastei os residuais do 007 apostando em corrida de cachorro e o outro diz qual 007 que cê fez, meu irmão? e daí esse aí fala aquele do vilão estranho, lembra, anos 80 e o outro diz, nossa, tinha esquecido e daí um diz vamos chamar o Michael Caine e todo mundo acha bacana ou às vezes alguém embaça porque o Caine é meio rico e isso gera uns ressentimentos e daí eles vão e fazem um filme sem pé nem cabeça e tal.

#DropsDiarinho

(Lu, não paga a minha dívida com vc, mas olha)

Tínhamos um trato

Luciana e eu. Um trato. Escrever a respeito da mesma coisa. Ela escreveu, eu não.

O incrível texto dela está aqui. O meu, que não seria incrível, não está.

Vem cá, meu bem

Repetir para Elaborar

Reclames do Drops

Rádio Drops

Piu Piu

[fts_twitter twitter_name=dropseditora tweets_count=2 cover_photo=no stats_bar=no show_retweets=no show_replies=no]

Instagram

[fts_instagram instagram_id=17841405821675374 access_token=IGQVJYOEVGYllBNkJDd3NXWFJMYW9YRllGN0FfaDdadjVvNnVIWWVrMkdLMnBrT1UySXVDVTVWZA01tQmlYbkszRTBnTUo1eTFhUHR3RFFfa3ZAVa3BQY05SeTZAma1JfbFpQZADZAaVEpB pics_count=2 type=basic super_gallery=yes columns=2 force_columns=no space_between_photos=1px icon_size=65px hide_date_likes_comments=no]
Águas Passadas