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Pedra bruta: Recesso — agora ou agora

por Andréa Pontes

Agapantos, do sul da África, anunciam a chegada do verão

É a penúltima do ano. Há os que já estão de férias. Os que vão tirar recesso. A Fal mandou um texto bonito hoje sobre a palavra. Latim recessus. Para o internauta @he_ider, recesso é a luz para um cego, o pão para o faminto, a fonte de água para o sedento, a vida ao morto, a cura do enferm

o, a liberdade do prisioneiro, o companheiro de um solitário, o caminho para um viajante. Tudo.

É o momento de relaxar… ou de se ocupar com o que é importante? Os amigos, a família, o respirar, o gostar dos minutos com vida. Até o tradicional corre-corre no shopping é pensar em alguém ou em si mesmo. Mesmo que da forma mais torta, mesmo que destoando do real sentido do Natal e do Ano Novo, ficamos, finalmente, mais humanos. Torcemos por um cessar-fogo no Oriente Médio. Nas distrações dos filmes docemente repetidos de Natal, a gente até faz um balanço. Nem todos estão interessados na famosa retrospectiva do ano — exaustivamente já explicamos em vários textos da coluna que o noticiário não é para amadores. E para quem sabe que felizmente ou não ser informado é preciso, vai ter uma assim na próxima. Quem não quiser, é só pular, assim como se pulam as ondas do mar em 31 de dezembro.

Mas, e a nossa retrospectiva de cada dia? Antes de se empolgar pelas previsões astrológicas, o ano chinês, as tendências em cores para o Ano Novo, as receitas descoladas do Natal, pare só um pouco. Respire. Fundo. Veja o que é preciso jogar fora, o que é necessário retomar, iniciar. Encontre aquela playlist relaxante. Sim, aquele café. Ou chá. Ou um bom copo de água.

É hora de ver e se ver. De se dar um tempo. De acariciar a barriga do pet. Comemorar a saúde. Ou que se chegou vivo ao fim e ao cabo de 2024. Ou colocar tudo para fora. Ou, ainda, aguçar os ouvidos a um amigo.

É agora.

Ou nunca.

Pedra bruta: O que há por trás da alta do dólar?

por Andréa Pontes

Menino Gui, portador de doença rara, dando banho global no preconceito

Querido (a) leitor (baixou a personagem de Bridgeton, mas, longe de ser conto de fadas), vamos tentar compreender essas oscilações da moeda norte-americana. O dólar amanheceu valendo R$ 6,12. Ou seja, cada 1 dólar equivale seis vezes e um pouco mais em relação ao nosso Real.

Mas, por qual motivo é importante sabermos disso? O dólar é a moeda corrente nos Estados Unidos. Porém, também é a moeda aceita em dezenas de países. Fluxo de turistas e a desvalorização da moeda local explicam o dólar ser aceito em vários lugares do mundo. Desde 1944, o dólar é considerado divisa internacional, sendo usado fora do País de origem. Ou seja, a moeda não só é aceita, como valorizada até como fonte de reserva de vários países – incluindo o Brasil. É por essas e outras que você, ao longo da sua existência, já deve ter ouvido se a época era boa para ‘guardar’ dólares ou não. Temos o dólar comercial, com valor utilizado pelo mercado. E o turismo, que vale mais que o comercial e é o usado por nós, mortais.

Devido a essa influência toda, o dólar é utilizado para definir taxas de câmbio em vários países, incluindo o Brasil. Assim, vira uma referência para comparar renda, Produto Interno Bruto, por exemplo, mundo afora. Também serve para sabermos o que um território tem de reserva – leia-se: o que tem guardado para cumprir os compromissos econômicos com outros países. Assim, quem tem mais reserva, é considerado mais confiável, porque tem como honrar seus compromissos – o famoso crédito na praça.

E o que significa essa alta recente? Aí temos o pulo do gato, nobre internauta. Você deve se informar com diferentes fontes. E ver quem está dizendo o quê. Se algum analista financeiro, lembre-se, ele é do mercado – e são eles os principais ouvidos nas diversas matérias da imprensa oficial. Mas, há de se lembrar que há outros envolvidos. E, justamente por ser moeda internacional, digamos assim, não se pode resumir tudo ao que acontece no Brasil. Do lado externo, a eleição de Donald Trump abriu uma onda de especulações – aliás, o verbo especular está no DNA da cotação do dólar. Então, o mercado internacional especula como será o mandato de Trump. Um presidente que nem reocupou a cadeira e já promete deportação de imigrantes. Mandar de volta pessoas de outras países para seus locais de origem influencia o mundo todo.

E aqui, no Brasil, temos a política envolvida. O mercado pressiona o Governo brasileiro. Como? Há um anseio pelo pacote fiscal estabelecido pelo Governo, que tenta aprovar no Congresso o quanto antes. O Congresso, por sua vez, anda incomodado com o pedido de transparência na destinação de emendas parlamentares, capitaneado pelo Ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal. Emendas com volumes de dinheiro autorizadas para emergências em municípios. O noticiário tem mostrado prisão de quadrilhas, obras superfaturadas e gente jogando dinheiro pela janela (literalmente).

Então, em pleno 18 de dezembro, que nem parece clima de fim de ano, temos até o Ministro Alexandre de Moraes suspendendo as férias. Gentil leitor, um humilde conselho é que você leia diversas fontes. Repare em quem está comentando, de qual lado está. Assim, ouvindo diferentes fontes, você vai formar sua opinião.

Brasil não é Bridgerton, mas não deve nada em relação a planos, golpes e jogos de interesses.  Por aqui, ‘fica esperto’ é mantra diário.

Pedra bruta: Horizonte

por André Pontes

Água com cloro faz bem à saúde

Hoje, um dia com sol. Movimentos pela água escondem as dores musculares horas depois. Não é fácil recomeçar. Mas, é parte do jogo. Faz bem. Até porque a conta chega, mais cedo ou mais tarde.

Corpo em movimento. Alma atenta. A preocupação tenta nos distrair. Preocupar-se é apegar-se ao que você não tem o menor domínio, mas insiste que é de bom-tom, é responsável ser preocupado. Não é tão fácil apertar a tecla “F”, se é que me entende. Mais polidamente, a tecla “S” – seja lá o que Deus quiser.

Estar ocupada com coisas bacanas e elevadas. Da água da piscina, ao olhar atento a quem sofre. Antes das 16h, em uma sexta-feira, um homem, ajoelhado, orando, entre transeuntes, porque não vendeu um pano de prato sequer. Ele chora. Um casal luta para manter o empreendimento de pé. Outra pessoa lida com os revezes da saúde mental. Não é à toa que o tema preocupa a Organização Mundial de Saúde. Milhões de pessoas sofrem com quadros depressivos. Após a pandemia, a saúde mental passou a ser necessidade no centro de tudo. Somos sobreviventes da Covid-19, nunca é demais lembrar.

Eu me lembro de uma orientação que recebi de alguém muito querido, um ‘paizão’, que hoje mora no andar de cima. Reclamava, na ocasião, das dívidas financeiras. Então, ele calmamente me sugeriu: “vamos então pedir uma doença para você substituir pela falta de dinheiro”. Olha… eu lembro dessa sacolejada até hoje. Sim, podia ser pior. Sim, é pior para muita gente.

Isso não quer dizer conformismo, nem é para encostar em um barranco e esperar o mundo acabar. Mas, é bom refletir.  Porque, senão, a vida passa. Fica resumida só nos problemas. A gente perde o hábito de olhar para o horizonte, da janela de casa; de reparar nas flores da casa vizinha; da água de coco geladinha às 17h de uma sexta-feira. De ouvir Cindy Lauper dizer que ‘as garotas só querem se divertir’ (girls just wanna have fun). 

Vida louca vida, vida breve
Já que eu não posso te levar
Quero que você me leve

Mais Cazuza, por favor

Pedra bruta: Ceia polarizada: estão servidos?

por Andréa Pontes

Azulejo by Corporação de Ofícios (não, ninguém tá ganhando nada com isso).

Vinicius Fidelis dos Santos de Brito, 20 anos, morreu depois de baleado por policiais militares, em São Vicente, na Baixada Santista. As imagens que circulam pelas redes sociais mostram a mãe de Vinícius, do lado de fora da casa em que o filho estava com os policiais, aos gritos. Rosemeire Aparecida Fidelis dos Santos suplicava “vocês estão matando o meu filho?”. Como resposta, ouviu tiros na sequência. A versão da polícia é a de que Vinícius teria atirado na direção dos policiais. Dona Rosemeire diz que sequer o filho estava armado. A cena não é isolada. Nos últimos dias, cenas similares têm feito parte do noticiário paulistano. Não, infelizmente a violência não é peculiaridade de São Paulo. Mas, há um governador, considerado ‘bolsonarista moderado’ – o que, politicamente, já é inviável explicar. Tarcísio de Freitas tem ambições políticas para 2026 ou 2030.  Reeleição a governador ou Senado, rumo à rampa do Palácio do Planalto, mirando a presidência. Ao proferir, meses atrás, que não vê necessidade de câmeras em fardas, ao dizer que a violência policial não é relevante, as tropas entenderam. É o que afirmam analistas que cobrem ações policiais há muito tempo, a exemplo do jornalista Octávio Guedes, da Globonews.

Mas, o que isso quer dizer? As eleições 2026 já estão no ar. Ontem, por conta da notícia de o presidente Lula ser operado às pressas para a drenagem de um hematoma, já começaram boatos de que talvez ele não tente a reeleição. Mesmo os médicos afirmando categoricamente que não haverá sequelas. Do outro lado, o então governador de Goiás, Ronaldo Caiado, acenando para a candidatura da presidência e alegando ser uma perseguição o que a imprensa está fazendo com o governador Tarcísio de Freitas. Se isso não é esquenta de eleições presidenciais, não sei o que poderia ser. No entanto, como o roteirista do Brasil se recusa a ter um minuto de paz, hoje o político Ronaldo Caiado foi condenado pela Justiça Eleitoral goiana a oito anos de inelegibilidade. O Ministério Público goiano viu abuso de poder do governador, que teria utilizado a estrutura do Governo de Goiás para apoiar a eleição do então prefeito Sandro Mabel, que teve o mandato cassado. Caiado e Mabel são do partido União Brasil

O clima também não é nada natalino no Congresso e no Senado Federais. Muitos deputados estão incomodados com o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino. A proposta é a máxima transparência nas emendas parlamentares. Muito em função do que se viu nas últimas eleições. Desde cidades com mais títulos eleitorais do que moradores, passando por obras superfaturadas em diversas cidades. Em troca, os deputados passaram a não ter a menor motivação para votar o ajuste fiscal proposto pelo Governo Federal, que pretende gerar uma economia de R$ 370 bilhões aos cofres públicos.  Nem o mercado, que é também a favor desse ajuste, está convencendo os deputados.

E como a miséria parece ser pouca, os deputados insatisfeitos optaram por engrossar o caldo do debate, apoiando a pauta de anistia para uso de armas ilegais.  Com o apoio da bancada da bala, é uma proposta que pode desmontar o estatuto do desarmamento, salvando portadores de armas ilegais a partir de 2008, quando entrou em vigor o estatuto. A quem beneficia? Se você pensou em milícias e facções criminosas, acertou.

Enquanto isso, a inflação desacelerou. O noticiário e o mercado ponderam que ‘mas’ o preço da carne está alto.  Ficou em 0,39% a inflação, um recuo e tanto. Com menos oferta, mais exportações, a carne está mais cara. Festas de fim de ano também influenciam as ceias e as viagens. Em contrapartida, combustíveis e habitação caíram.

Então, quem pensou nos pés sobre a mesa e passar as festas em harmonia, o que não falta é assunto regado a muita polarização.

Vem cá, meu bem

Repetir para Elaborar

Reclames do Drops

Rádio Drops

Piu Piu

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Águas Passadas