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Pedra bruta: Ceia polarizada: estão servidos?

por Andréa Pontes

Azulejo by Corporação de Ofícios (não, ninguém tá ganhando nada com isso).

Vinicius Fidelis dos Santos de Brito, 20 anos, morreu depois de baleado por policiais militares, em São Vicente, na Baixada Santista. As imagens que circulam pelas redes sociais mostram a mãe de Vinícius, do lado de fora da casa em que o filho estava com os policiais, aos gritos. Rosemeire Aparecida Fidelis dos Santos suplicava “vocês estão matando o meu filho?”. Como resposta, ouviu tiros na sequência. A versão da polícia é a de que Vinícius teria atirado na direção dos policiais. Dona Rosemeire diz que sequer o filho estava armado. A cena não é isolada. Nos últimos dias, cenas similares têm feito parte do noticiário paulistano. Não, infelizmente a violência não é peculiaridade de São Paulo. Mas, há um governador, considerado ‘bolsonarista moderado’ – o que, politicamente, já é inviável explicar. Tarcísio de Freitas tem ambições políticas para 2026 ou 2030.  Reeleição a governador ou Senado, rumo à rampa do Palácio do Planalto, mirando a presidência. Ao proferir, meses atrás, que não vê necessidade de câmeras em fardas, ao dizer que a violência policial não é relevante, as tropas entenderam. É o que afirmam analistas que cobrem ações policiais há muito tempo, a exemplo do jornalista Octávio Guedes, da Globonews.

Mas, o que isso quer dizer? As eleições 2026 já estão no ar. Ontem, por conta da notícia de o presidente Lula ser operado às pressas para a drenagem de um hematoma, já começaram boatos de que talvez ele não tente a reeleição. Mesmo os médicos afirmando categoricamente que não haverá sequelas. Do outro lado, o então governador de Goiás, Ronaldo Caiado, acenando para a candidatura da presidência e alegando ser uma perseguição o que a imprensa está fazendo com o governador Tarcísio de Freitas. Se isso não é esquenta de eleições presidenciais, não sei o que poderia ser. No entanto, como o roteirista do Brasil se recusa a ter um minuto de paz, hoje o político Ronaldo Caiado foi condenado pela Justiça Eleitoral goiana a oito anos de inelegibilidade. O Ministério Público goiano viu abuso de poder do governador, que teria utilizado a estrutura do Governo de Goiás para apoiar a eleição do então prefeito Sandro Mabel, que teve o mandato cassado. Caiado e Mabel são do partido União Brasil

O clima também não é nada natalino no Congresso e no Senado Federais. Muitos deputados estão incomodados com o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino. A proposta é a máxima transparência nas emendas parlamentares. Muito em função do que se viu nas últimas eleições. Desde cidades com mais títulos eleitorais do que moradores, passando por obras superfaturadas em diversas cidades. Em troca, os deputados passaram a não ter a menor motivação para votar o ajuste fiscal proposto pelo Governo Federal, que pretende gerar uma economia de R$ 370 bilhões aos cofres públicos.  Nem o mercado, que é também a favor desse ajuste, está convencendo os deputados.

E como a miséria parece ser pouca, os deputados insatisfeitos optaram por engrossar o caldo do debate, apoiando a pauta de anistia para uso de armas ilegais.  Com o apoio da bancada da bala, é uma proposta que pode desmontar o estatuto do desarmamento, salvando portadores de armas ilegais a partir de 2008, quando entrou em vigor o estatuto. A quem beneficia? Se você pensou em milícias e facções criminosas, acertou.

Enquanto isso, a inflação desacelerou. O noticiário e o mercado ponderam que ‘mas’ o preço da carne está alto.  Ficou em 0,39% a inflação, um recuo e tanto. Com menos oferta, mais exportações, a carne está mais cara. Festas de fim de ano também influenciam as ceias e as viagens. Em contrapartida, combustíveis e habitação caíram.

Então, quem pensou nos pés sobre a mesa e passar as festas em harmonia, o que não falta é assunto regado a muita polarização.

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