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Pedro

Um dia, pensou ele, acreditando realmente que é um cara bom, haverei de viver feito alguém que não ama, pois não amo. Andarei pelas ruas tirando foto de carros e cães, de homens com os filhinhos sobre os ombros, de fachadas em Copacabana. Mandarei instantâneos da minha xícara de café para a mulher que morre por mim com um comentário vago e, sempre, apressado, tentando me livrar de qualquer conversa mais longa “Olha, vou entrar numa sessão”, “olha, vou entrar no supermercado”, “olha não falei do livro porque fui com um superintendente e uma geóloga numa reunião, segunda, às 10:30, com a cúpula da Defesa Civil e, bem nem tente conversar comigo, leve aos lábios as migalhas que jogo e saia da frente, é tarde, é tarde, é tarde até que arde”.

Num mar intranquilo

Paul Klee – 1924

O amigo que não vê série me pergunta acerca delas. Como responder sobre meu gosto por séries sem bancar a pobrezinha? Respondo e daí me arrependo.
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Há uma mudança minúscula. Eu, sempre com as antenas no modo Carcará Misterioso, capto. Uma minúscula mudança no tratamento, nos recados, no que se nota ou não, nas tentativas de contato, no tratamento. A vida, porém, essa instituição que nos odeia, ensina. No soco, mas ensina. Nunca mais me permitir vulnerável nas mãos de alguém cujos níveis de sadismo nao temos como aferir é um pacto que não pretendo quebrar.

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É terça-feira, mas se alguém quiser me mandar pra cama com ordens de não sair de lá té segunda-feira que vem, acatarei.

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A pesquisa do Klee caminha assustadoramente lerda, especialmente pralguém que tem o prazo que tenho. Estou apavorada? Sim. Mas não petrificada. Só lerda.

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Tá chovendo. Chovendo, chovendo, chovendo. Adoro. Adoro. Chove em mim todos os dias, chove lá fora também e as chuvas se encontram e o barulho de todas as chuvas do mundo escorrendo pela rua e trovoando no céu me deixa tão feliz. É como se eu pertencesse a alguma coisa. Não a alguém, mas a alguma coisa.

Covarde, a Fal coragem

A produção exige coragem. Não tem um covarde se apresentando para tomar a frente de coisa alguma, nem das próprias palavras.

Não há qualquer mérito na coragem, a não ser na própria coragem. Fazer. Assumir.

Na maioria das vezes, porém, é pedir demais. Mais fácil não agir.

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Tenho pensado muito nisso. Aos trancos e barrancos, falhando aqui e ali (sou a pior julgadora de caráter do planeta), ergo à minha coragem a metafórica taça de chileno que tomo neste momento. Ela é meio suicida de de quando em vez? Bom, quem não tem defeitos, né, amor.

Marli

– Querida? Aqui é a Mamãe, me liga quando pegar o recado. Como chama aquele ator que é a cara do Spencer Tracy, só que é moreno, gordo, mexicano, meio careca, tem olho castanho, bigode e uma pinta bem aqui?

Vem cá, meu bem

Repetir para Elaborar

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Piu Piu

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Águas Passadas