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Herodes, O Grande

O massacre dos inocentes – Rubens

Herodes, O Grande nasceu em Edom, em 72 a.C. e sua mãe era uma princesa da cidade de Petra.

Os edomistas era um povo que descendia de Esaú. Aquele em quem seu irmão Jacó aplicou uma imensa rasteira tomando-lhe o direito de primogenitura, que era a determinação da linha sucessória pela lei mosaica.

De Jacó descendem as doze tribos que formaram o povo de Israel e de Esaú os edomitas, que construíram suas cidades nas montanhas, nas rotas de comércio da Arábia para o Mediterrâneo. Cobravam impostos sobre toda caravana que passasse por seus domínios e tinham tanto ódio de Israel que obrigaram Moisés a fazer um desvio imenso ao negarem passagem ao povo que fugia do Egito. É aí que a gente vê o quanto a procedência de Herodes era apreciada pelos judeus.

Em 63 a.C. o império romano conquista Israel e como Roma preferia governar os povos conquistados por meio de líderes locais, escolheu Herodes para governador. Entretanto, o título de governador não era bastante para o ego desse homem. Ele sabia que um povo que havia reverenciado Saul, Davi e Salomão não ia se impressionar com um governador nomeado por um império invasor.

Israel era puta velha. Vinha de ter sido escravizado no Egito, levado em cativeiro por setenta anos na Babilônia, retornado por concessão do império Persa que derrubou o império babilônico, mas ainda dominado por cobrança de impostos. Depois disso aconteceu no mundo um fenômeno chamado Alexandre, O Grande  e o  império Persa virou fumaça com Israel a reboque. Como já sabemos, há sempre um peixe maior no oceano e o império romano era um peixe imenso e faminto e, agora, era quem mandava.

Israel, cansado de passar de mão em mão, tolerava o governo de Herodes muito a contragosto. Mas em 40 a.C, por força de lealdade provada, o governador convenceu o imperador Augustus a nomeá-lo rei de Israel. Os judeus que ainda tinham uma família real, os macabeus, consideraram aquilo um escárnio.

Para Herodes, ainda era pouco. Em busca de legitimidade, casou-se com Mariamne, da família real de Israel e matou o restante da família, just in case. O lema de Herodes era prevenir é melhor que remediar.

Diante desse quadro, é perfeitamente compreensível que, ao receber a notícia, décadas depois, de que havia nascido um menino que seria rei dos judeus, ele tenha mandado matar todos os meninos, até dois anos de idade, obrigando a sagrada família a fugir para o Egito.

Sua guarda pessoal era composta de dois mil soldados. Com esse tanto de homem em volta, Herodes encasquetou que Mariamne estava jogando água para fora da bacia. Não teve dúvidas: matou a moça. Mas, como a amava demais, botou o corpo dela dentro de um caixão com mel e guardou no palácio.

Bateu a paranoia: e se os filhos descobrissem que ele havia matado sua mãe? Como resolver isso? Certo: matou os três filhos mais velhos, deixando só o menorzinho vivo. Descendência. O velho Esaú já havia deixado a lição do quanto isso era importante.

Herodes foi um dos reis mais ricos do império romano. Construiu a cidade portuária de Cesareia, em homenagem a Roma. O palácio foi construído do lado do mar. Uma piscina foi escavada nas rochas. Um aqueduto romano supria a cidade de água potável e um sistema subterrâneo levava o esgoto para o mar. O fundamento do porto, dentro dágua, ainda faz engenheiros da Poli chorarem de orgulho.

Sua obra mais impressionante é a fortaleza de Massada. Um castelo, dentro de uma fortaleza, em cima de uma montanha em pleno deserto. Uma obra de proporções faraônicas.

O rei Herodes também era bom marqueteiro. No ano 12 a.C. patrocinou os jogos olímpicos e viajou até Olympia para a abertura dos jogos. Eu gostaria muito de saber como era a mascote daquela olimpíada.

Ele passou seus últimos dias em um de seus palácios em Jericó. Relatos apontam que sentia dores intestinais e emitia um hálito de cadáver. Sabendo que poucos lamentariam sua morte, mandou trazer de todo reino milhares de jovens para serem sacrificados no dia da sua morte para que houvesse lamento e comoção. Felizmente, não foi obedecido.

Seu mausoléu foi construído numa montanha artificial, mas durou pouco. Foi destruído e saqueado. 

O sarcófago foi recuperado – sem a ossada – e se encontra no museu de Israel.

Herodes buscava a imortalidade. Queria que seu legado fosse maior que o do Salomão. Talvez por isso, tenha construído a Torre de Davi, o Túmulo dos Patriarcas e reconstruído o Templo de Jerusalém, que os romanos haveriam de destruir no ano 70 d.C., do qual restou o Muro das Lamentações.

Depois de Herodes, O Grande, reinaram em Israel mais quatro reis Herodes, todos de sua dinastia.

Se antes de Abrahão não existia a ideia de um só Deus, depois de Herodes e sua dinastia, não houve mais rei em Israel. Dizem que ainda há um, alhures, capaz de botar Herodes no chinelo,  que prometeu voltar e muita gente espera por isso. Mas esta já é outra história.

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