Quando
Liguei pro meu ex-cunhado, policial civil.
– Marcão, Tânia, como vai?
– Tânia, porra! Tudo bom, caralho?!
Nem preciso dizer que adoro o Marcão.
– Tudo bom, querido, e você?
– Tou bom, porra.
– Aposentou?
– Não, merda, falta tempo pra caralho. E você ainda faz lá aquelas coisas?
Ninguém sabe com o que eu trabalho. Bom, nem eu.
– Faço, Marcão, tudo igual.
– Porra, que do caralho. O que você manda?
– Marcão, assim. Pensa comigo, assim ó, vamos supor que alguém entre num apartamento e ache um cadáver.
– MEU CARALHO CONSAGRADO, VOCÊ ACHOU UM DEFUNTO, MANO?
– Marcão, toou falando vamos supor. Vamos supor que alguém entre num apartamento fechado e encontre um cadáver muito antigo e…
– MANO, EM QUE MERDA VOCÊ SE METEU, VOCÊ ACHOU UM PODRÃO?
– Marcão, se concentra. Se, ao entrar num apartamento trancado há mais de setenta anos, a pessoa encontrar um cadáver, você acha que tudo bem se ela fingir que não viu e…
– CARALHO, TÂNIA, MANO, CHAMA A POLÍCIA NA HORA, PUTA QUE ME PARIU, MANO. DESSA VEZ VOCÊ FOI LONGE DEMAIS! VOCÊ ACHOU UMA MERDA DUM DEFUNTO ONDE, CARALHO?
É claro que eu contei tudo.
É claro que o Marcão deu um ataque.
É claro que ele me disse pra não devolver a chave do cara que me contratou porque tínhamos de voltar lá.
Lá, você sabe, é o apartamento onde fica o podrão. O cadáver, quero dizer.
No celular: La Mer, com Tatiana Eva-Marie & Avalon Jazz Band