O fazer, o de todos os dias. O que parece eterno. O que sequer arranha a superfície.
Quando Matilda Penna escreve a respeito de seus dias em meio à incerteza, à dor da perda, à indignação diante do Estado naqueles anos tão confusos e estranhos de que agora procuramos nos distanciar chamando-os vagamente de “os anos da pandemia”, ela escreve também a respeito da fragilidade e do medo e do espanto e da perplexidade de cada um de nós.
Mais do que isso, Matilda fala do que deveríamos todos discutir, daqueles anos de reclusão e indefinição lidando com uma doença desconhecida, aleatória, cruel. É humano evitar o que pouco entendemos, o que nos lançou ao lugar da impotência, o que nos atingiu e feriu. Mais humano ainda, porém, é encarar de frente cada suspiro, cada esgar, cada ser humano desaparecido num saco preto, cada estranho sortilégio em que nos vimos envolvidos quando o futuro, para além do presente, nos escapava a cada dia, a cada noticiário, a cada contagem de corpos.
Sim a tulipeira renasceu. Mas a que preço, nos pergunta Matilda.
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