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EDITORIAL

O tempo e a carta da Alessandra

Maria Fernanda –  @collages420

A revista, fazia dois anos, não aparecia. Eu mesma, dois anos, meio desaparecida. Não tínhamos tema, desejo, condição. Tínhamos espanto. Nojo deste país, das pessoas que decidiram eleger o animal que elegeram. Cansaço. Tristeza de perder amigos. Muitos amigos. Medo. Cansaço. Cansaço.

Chegamos ao fim de 2021 – que não foi nada mais do que o fim II de 2020 e, sinceramente, nada nos movia. Revista, eu dizia para a Suzi, pufff. E daí, no fim de dezembro, a carta da Alessandra me alcançou.

Sobre o tempo. Sobre a dor. Sobre uma vida que não volta, porque vida alguma voltará. Nem as perdidas por quem amamos, nem as das estatísticas, nem as nossas, as outras, as muitas, a cantoria no portão da escola, as aulas do velho que tinha um cheiro delicioso de tabaco, as viagens de carro, cara para fora da janela, árvores passando, passando, seus olhos gentis, um bairro com cento e um quarteirões, as unhas do cãozinho no taco, o limão, o limão.

Depois de quase dois anos de pandemia, depois de quase dois anos sem revista, li a carta da Alessandra e me dei conta de que, para o diabo com o clichê do “é ano novo, vamos recomeçar” porque, sim, é ano novo, vamos recomeçar. Vacinando. Estudando. Votando menos imbecilmente. Olhando para o outro. Com mais arte em nossa vida. Mais arte. Mais.

Voltamos, não em meio à fanfarra e grandes evoluções para a plateia, mas com cuidado, pé ante pé, roupinha de todo dia. Voltamos, não deveríamos sequer ter nos afastado. Voltamos. Com uma equipe mais ou menos estável, as queridas Krysse, Cyntia, Priscila (madrinha da revista desde o berçário) e as lindas colagens da @collages420 e o sempre gentil apoio da Guilda do Drops, voltamos.

Punhos cerrados, cara de choro, memória de elefante – podem acreditar.

Aqui.

Fal Vitiello de Azevedo

Editora

O que me cerca

Jantei salada de abacate com ovo cozido. Não odeio ninguém.

(enchi o abacate de pimenta do reino. meu deus, ques delicás! como diz a fia duma amiga)

*

Tudo bem, odeio, sim. Tem gente que eu odeio.

*

A ausência de D deixou um buraco na minha vida que não tento preencher com nada. É só 2022, um dia depois do outro. Vou fazer o que tenho de fazer, mas preciso de coragem. Mais uns dias.

*

Outra mentira: tenho dormido mais, muito mais. Botei o sono no seu lugar. Durmo muito e sonho demais. Meu inconsciente é uma arma branca. Deveria ser registrado na polícia.

*

A área de serviço está quase em ordem. Coloquei umas suqueiras antigas (dum outra vida, realmente), para sabão líquido, amaciante e desinfetante e ficou quase bom. E caixas para esponjas e coisas assim. Claro, tudo terá de ser retirado de lá nalgum dia desse confuso semestre, as paredes raspadas e pintadas etc. Está ficando bom.

A sala só não está mais bonita e arrumada porque eu sou a mais lerda das lerdas. Mas está indo bem e ficando bonita de novo. A cozinha, a mesma coisa.

Vivo esse dilema terrível que é ser bagunceira e lerda e, ao mesmo tempo, ter problemas para me concentrar num lugar que não está arrumado e bonito. Preciso que a beleza que não possuo resida no que me cerca. Acontece que eu tinha de ser uma dona de casa mil vezes melhor do que sou.

*

Encomendei atum e seja o que Deus quiser. Atum de lata, sem condições.

Semana próxima, alguma receita com atum.

*

Você se lembra, Diarinho quando achei que ia ter grana pro colchão novo só em março? HAHAHAHAHA. Burrona.

*

Fiz um lindo sanduiche de queijo gorgonzola e geleia de goiaba e rúcula. Deixei de fotografar, não fui formada pressa vida instragramável e isso, de certa maneira, é péssimo. Tava tão lindo o meu sanduba.

peixe

de @collages420, no insta.

Tucci

questionário de admissão

vai chover de novo hoje? você acha que vai dar ruim alguma coisa contra o desministro da saúde? qual furadeira eu compro? quem vai matar o grilo no banheiro? (desculpa iBAMA). você acha que eu deveria traduzir isso assim ou assim? essa cabeceira é bonita ou a bordô seria melhor? aquelas prateleiras ficam boas ali? compro esses óculos de aro azul? a gente pode jantar omelete? você gosta de mim? um pouquinho? muito? desesperadamente? (não quero saber as respostas, eu sei as respostas)

Eu caio, tu cais, ele parte

Ontem de manhã tomei um tombo. Não estou falando metaforicamente. Caí com tudo. Meu terceiro tombo gigante em menos de três meses. Levei pra análise. Falei e falei sobre tombos. Contei, claro, da cotovelada na boca que levei Às 22h40, quando nem deveria estar acordada, muito menos falando com quem eu estava falando, muito menos tomando porrada.

Dr. Luis Estevão: “Então você está me contando que tem se voluntariado para muitas quedas”. Encerrei a sessão aos vinte e nove do primeiro tempo porque, olha, sinceramente, eu não estou aqui para isso.

Eu estou aqui para isso.

Vem cá, meu bem

Repetir para Elaborar

Reclames do Drops

Rádio Drops

Piu Piu

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Águas Passadas