Diálogo

– Ele nunca vai me amar.
– Nunca.
– Ele não me dá a mínima.
– A mínima.
– E nada adianta.
– Nada.
(…)
– Você tem aula pra dar agora?
– Tenho.
– Vai dar sua aula, então.

– Ele nunca vai me amar.
– Nunca.
– Ele não me dá a mínima.
– A mínima.
– E nada adianta.
– Nada.
(…)
– Você tem aula pra dar agora?
– Tenho.
– Vai dar sua aula, então.

O Chico foi o gato mais lindo que eu já tive. Ele era tão bom e meiguinho. Tenho tanta saudade.
*
Puxa, Fal, você não tá dormindo, querida, que pena. Sinto muito. Posso fazer alguma coisa?
*
A única vez na vida em que realmente lamentei não poder visitar os Estados Unidos (que conheci aos 11 ou 12 anos na famosa visita das crianças de classe média à Disney) foi quando, há alguns anos, não tive qualquer condição para assistir na Brodaway o maravilhoso Molina interpretando papa Tevye, em Um violinista no telhado. Fiquei triste, de verdade. Fora isso, não dou a mínima pros EUA. Então, se querem chamar o Biden de tonto, péssimo presidente e sei lá eu mais o que, chamem. O que me mata é que a maior parte do povo que xinga o Biden acha que são, gente fina e grande presida era o Trump. Porra. Não fode.
*
A Cyntia espirrou durante a aula. É tão fofo e lindo o jeito que mulher espirra. Mulher mesmo, não eu. Eu, quando espirro, faço um barulho de furacão, odeio. Se esse negócio de reencarnação existir, haverei de voltar como mulher nalguma encarnação. Eu ia adorar experimentar a delicadeza, a gentileza, ser alguem “engraçadinho”.
*
Toda vez que perco o martelo, compro um novo martelo. Tenho três martelos em algum lugar dessa casa. O quarto está chegando entre hoje e amanhã.
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Livros, não os de agora, mas os de décadas atrás. O que eles fizeram por nós. Quanto, em nós, deles? Para um escritor, essa é uma discussão fundamental.

Eu sofro por ele.
Ele sofre por ela.
Ela encheria Drummond de orgulho.

No meu aniversário, vou dar aula o dia todo. Das 7h às 20h. Isso é, eu acho, parte do chatíssimo, porém delicioso, pacote de ser adulto.
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Vou me dar uma assinatura de vinhos de aniversário. Mas em março, porque fevereiro já foi considerado área de desastre pela Mastercard.
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Não fico angustiada no meu aniversário, porque sou angustiada todos os dias do ano. Permita-me reformular: não fico mais angustiada no meu aniversário.
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Quando eu era pequena, minhas festas de aniversário tinham “Carnaval” como tema. Todos os anos. Eu adorava. Virei um adulto que não tem um milímetro de paciência para Carnaval, nem de salão, nem de escola de samba, nem (Deus me livre e guarde) de bloquinho de rua, o que deixa minha mãe tristíssima, porque ela ama Carnaval, Natal, Páscoa, Festa Junina. Ah, de todos esses feriados, gosto muito de Festa Junina. Olha o amor. É mentira.
