Para todos aqueles
Querido W.:
Ouvi sua história com atenção. Saiba, ela existe. Ela está comigo.
Você assistiu Antes do inverno, do Philippe Claudel? Numa das cenas, uma mulher francesa, cuja família polonesa pereceu nos campos de concentração, conta a história da família para o médico que vai operar seu tumor no cérebro. Ela diz em voz alta o nome das pessoas que amou, porque deseja que alguém os escute e que saiba que elas existiram.
Eu ouvi você.
Também quero agradecer o que você disse acerca da amizade, obrigada. Não raro, precisamos que alguém nos diga que somos importantes, não apenas uma ideia na vida de alguém, mas sim uma presença, uma pessoa real. Obrigada por isso. Especialmente hoje. Hoje. Essa semana. As semanas, de meados de janeiro para cá têm sido particularmente duras. A realidade, diz um daqueles quadrinhos de bom dia do Drops, é soberana. Não foi para o ar ainda, mas tá pronto. A realidade ou o famoso Fal-de-deus, deixa de ser tão ridícula, veio de soco dessa vez. Especialmente essa semana. Ainda não tenho condições de falar a respeito, mas agradeço.
Parei de me debater na rede e me deixo arrastar. Paciência, belinha, era a frase da dona Cida, minha avó, a pessoa menos paciente que este planeta já produziu, querendo dizer: deixa pra lá, nessa você dançou.
De modos que aceito o bom dia, quando há, e sorrio para a tela. Fico bem quietinha.
Menos quando tenho a chance de reclamar com você, evidentemente.
beijos,
F.