Os blogs que amamos odiar
Não faz muito tempo – anos 1980, logo ali – que a gente (eu, pelo menos) adorava folhear páginas e páginas dos jornais dominicais. A atriz Julia Roberts nem propagava o dolce far niente de Comer, Rezar e Amar (Eat, Pray and Love – roteiro de Jennifer Salt e Ryan Murphy) e uníamos informação ao relaxamento. O papel foi ficando caro, a internet foi saindo das conexões entre laboratórios, ganhando o mundo e fomos encorajados a mergulhar na World Wide Web (WWW).
Não demorou muito, o norte-americano Jorn Barger teve a ideia de nos expressarmos pelo sistema e nasceu o weblog, que começou a ser pronunciado como wee-blog. Tudo isso para contar a você a pré-história de vinte e cinco anos do que hoje denominamos blog. Inovação e tecnologia voam, real e maravilhosamente.
Pessoas de todos os cantos começaram a escrever blogs de todos os tipos, formatos e com todo tipo de conteúdo. Uma democracia e um turbilhão de informações que não conseguimos dar conta. São 600 milhões de blogs pelo mundo, mais de 5.700 posts em blogs a cada minuto (fonte: Live Stats – https://growthbadger.com/blog-stats/). Essa vontade de dividirmos experiências é o que nos torna humanos, vermos e sermos vistos. É aí, também, que entram as variáveis das relações humanas.
O blog é meu, mas a casa é sua.
A internet é aquele bar desorganizado, em que vários grupos em mesas cheias falam ao mesmo tempo. Alguns, porém, preferem ficar sozinhos no balcão. De repente, alguém grita algo, todos olham para o cidadão e minutos depois a vida continua. Mais um dia na internet. A opinião é pessoal, mas a interpretação, ah, é de milhões. E o blogueiro ama tudo isso. Algumas vezes, dono e frequentadores não se dão ou clientes de outras mesas se estranham. A palavra final é a de quem manda no bar. Meu blog, minhas regras. Ficar de mal se tornou cancelar alguém, a gente pensa umas cem vezes em sair das redes sociais e tudo ficou legítimo – até as fake news.
Por vezes, parece que estamos todos gritando para uma parede, donos das próprias verdades. Aprendemos com o outro, ficamos decepcionados em ainda ter ser humano capaz de fazer deboche, humilhar e até ameaçar pessoas porque somos diferentes e chegamos a perdoar o imperdoável. A selvageria moderna.
Nunca foi tão verdade aquilo que tentamos melhorar e fracassamos miseravelmente. Empatia. Educação. A liberdade que termina quando começa a do outro. A beleza da coisa é que somos juntos e misturados. Há ainda milhares que nem passam pela porta. Mas ainda somos nós. A comunicação que outro dia era feita em pedras, hoje em meio a bytes. Se evoluímos, aí é questão de opinião. Talvez, de um post.
Andréa Natal. No insta: @vidapossível2
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O Drops
Há muito tempo, em 1999, quando tudo era mato na internet brasileira e a conexão dos computadores era discada e barulhenta, a parte da população que conhecia tal ruído foi marcada pelo medo do bug do milênio.
O que aconteceria quando virasse o ano de 1999 para 2000? Os computadores interpretariam 00 como um comando para reiniciar e dessa forma cada computador resetaria todos os dados.
Graças à antecipação o problema foi resolvido e os dados não foram perdidos. De vez em quando alguém perdia tudo o que tinha armazenado, mas não por culpa do bug.
Programadores, engenheiros, publicitários, advogados, contadores e outros profissionais logo se adaptaram às vantagens dos personal computers.
Parte dos internautas caiu na rede blogueira vinda dos instrumentos de conversa. Os jurássicos Irc, Mirc, Icq, MSN e salas de bate papo dos provedores. Havia quem trabalhasse com IBMs, Macs, Dells e outros que atualmente são itens de colecionadores.
No início eram os blogs. Em março de 2002 nasceu o Drops da Fal. A página inicial, com o nome especial e o layout delicioso que rescindia à leveza. Demonstrava inteligência, criatividade e beleza para todos que a acompanhassem.
A primeira vez que abri o Drops fui fisgada. Quem provou o LV – livro de visitas – não perdeu o caminho. Ali a turma parava antes de ir para casa. Havia risadas de doer a barriga, piadas eram sacadas tão rápido quanto o bandido caia no duelo ao pôr do sol. As ironias eram compreendidas.
Onde se atualizava sobre as fofocas. Fal e Alexandre comentando novela, quem viu não sabe o que foi. Desfile de miss. The Oscars!! Um balde de piadas fresquinhas. Olimpíadas, M.A.S.H., Antonio Hopkins, Dean Martin, Alan Alda quem esquecerá?
Teve lançamento de livro com a melhor geleia de laranja vinda do Paraná. A energia de poder ver todos os rostinhos que só apareciam na telinha. Encontros e abraços sem ter fim.
Entre aulas de línguas, traduções, Fal manteve o Drops. Sempre com novidades, incentivos à cultura. Fal, substantivo próprio, três letras. Prazer em unir pessoas e transformar o blog num lugar diferente.
Após vinte anos comemoramos encontros e desencontros, amizades conquistadas, palavras bem ditas, abraços de sossegar o coração e momentos de silêncio digno.
Entre alegrias e tristezas crescemos. O tempo mostrou que existem coisas que nunca mudam e outras que devemos abandonar. Na brevidade do tempo nos encontramos no porto que a Fal criou.
E agora publica livros na Drops Editora. Que caminhada! Parabéns.
Krysse Barros. No insta: @kmrb
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Faço drink de hortelã e espero que tudo fique bem
Essa é minha proposta para celebrar os vinte anos do Drops da Fal: xarope feito com folhas de hortelã misturado com limão e Lillet Blanc, que é feito de vinho e vinho não poderia faltar. Por cima, uma dose de gin azul, que muda de cor quando colocado no copo. O gin mágico remete à trajetória do Drops, que encanta, que se reinventa, que surpreende. E que venham mais vinte anos!
Lucas Pedroso. No insta: @thirsty_luke
Um brinde ao Drops, sempre um espaço onde encontrei alento para as minhas alegrias e tristezas e pequenas derrotas da vida adulta. Ter um blog também é falar para leitores que não se manifestam com frequência, mas que estão sempre espiando furtivamente, vampiros das palavras alheias. Saude, Drops. Saude, Fal 🧡
amorinha <3
Vinte anos de instigantes palavras. Obrigada, querida. Parabéns por existir e insistir.
só le amo
Nossa! Hj mesmo passei duas horas andando pelo meu blog; fui até a primeira postagem. Era outra vida, essa dos blogs. E tinha foto com a Fal <3. As melhores pessoas da internet conheci no LV. O rolê mais acertado da minha vida foi conhecer o Drops. Muito amor. Congrats pelos 20 anos!
amor demais, queri <3
Parabéns ao Drops, que acompanho desde que isso aqui tudo era mato 🤣
obrigada, queri.