por Juliano Braga
Recentemente, um amigo me contou que em toda viagem de férias com a família faz um curso de culinária no país de destino. Adorei a ideia A culinária é algo muito particular da cultura de cada região, e que forma melhor para conhecer os hábitos e tradições da população do que ter uma aula de cozinha com algum nativo?
Após quatro anos em Brasília me peguei sem saber responder qual a comida tradicional da cidade. Depois de um tempo, entendi que culinária de Brasília, assim como sua identidade cultural, é uma colcha de retalhos do Brasil. Cada família que veio para cá trouxe um pouco de sua cultura e absorveu um pouco da vida do cerrado.
O prato que você encontra com frequência é a jantinha, que consiste em espetinho acompanhando arroz, feijão tropeiro, macaxeira e vinagrete – uma refeição, portanto, que junta um pouquinho do que há de melhor em cada canto do Brasil. Temos restaurantes internacionais e o melhor da comida nordestina. Churrasco, caldeiradas, pizza e tortas, costela e polenta, pasta de todos os formatos, cozidos de toda sorte, sucos comuns e de frutas inusitadas, raízes e saladas feitas com folhas estranhas. Muito estranhas.
A falta de um prato típico, uma identidade culinária definida, que poderia ser visto como uma falha, é a melhor definição de Brasília. A capital do país é um pouco de cada estado, e de todos aceita parte da sua cultura.
Brasília, essa capital inventada, transplantada e erguida no meio do território é, ela mesma, uma junção de um tanto do país que sonhamos, outro tanto do país que podemos ter.
Juliano Braga é de Curitiba, mas não nasceu lá. Cientista social por formação, tem residência em Brasília há quatro anos e já morou em mais de sete cidades. É leigo no assunto de culinária, mas come todos os dias desde que nasceu.