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Pedro

Um dia, pensou ele, acreditando realmente que é um cara bom, haverei de viver feito alguém que não ama, pois não amo. Andarei pelas ruas tirando foto de carros e cães, de homens com os filhinhos sobre os ombros, de fachadas em Copacabana. Mandarei instantâneos da minha xícara de café para a mulher que morre por mim com um comentário vago e, sempre, apressado, tentando me livrar de qualquer conversa mais longa “Olha, vou entrar numa sessão”, “olha, vou entrar no supermercado”, “olha não falei do livro porque fui com um superintendente e uma geóloga numa reunião, segunda, às 10:30, com a cúpula da Defesa Civil e, bem nem tente conversar comigo, leve aos lábios as migalhas que jogo e saia da frente, é tarde, é tarde, é tarde até que arde”.

2 comentários em “Pedro”

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