por Andréa Pontes
A droga que nos anima
Amanhecemos com o Supremo Tribunal Federal discutindo sobre a descriminalização de porte de maconha para uso pessoal. Ainda será decidido o critério sobre quantidade e a diferença jurídica entre traficante e usuário. A torcida é que, de fato, a discussão avance na questão da saúde pública. Quem tem gente querida dependente química sabe que tudo começa com pouca quantidade e avança no outro dizendo ‘que pode parar quando quiser’.
Ainda na saúde, o Congresso Internacional sobre Obesidade 2024 aponta que 75% dos adultos no Brasil terão obesidade ou sobrepeso em duas décadas. Um Brasil de fome e desigualdades. Uma economia que já tirou 24 milhões de pessoas do mapa da fome, as ofertas de emprego aumentam. Mas – em economia, sempre tem uma conjunção adversativa – os juros empacaram em 10,5%, o diretor Gabriel Galípolo e o ministro Fernando Hadad alinharam a meta de 3% da inflação. Sendo 1,5% a mais ou a menos de critério. Hoje, a estimativa está em 4%. Galípolo é apontado como sucessor do atual presidente do BC, Roberto Campos. E o mercado já se vê apreensivo. Pois o atual diretor de política monetária parece menos conservador. Importante entender de política econômica, porque é isso que vai determinar menor ou maior taxa de juros.
As diferenças sociais e seus abismos. O brasileiro aposta mais no jogo do tigrinho do que nos investimentos financeiros. Entram em cena agiotas, perdem-se casas, negócios. Assim como as drogas, o vício em jogos também começa com pouco. No caso do ‘Tigrinho’, além dos incômodos pedidos de amizade em redes sociais por meio de perfis falsos, há um ganho só de um lado – e não é o do apostador. Em reflexão, a relação da influência digital, a percepção do brasileiro em relação a bancos e, no final do dia, o brasileiro lutando para sobreviver.
Quem lutou até onde conseguiu foi Julian Assange, fundador da Wikileaks. Em 2006, a promessa do Wikileaks não enganava ninguém: um espaço seguro para vazar documentos sigilosos, mas de interesse público. Quatro anos depois, imagens de um ataque de helicóptero das Forças Armadas dos EUA a Bagdá, matando civis – incluindo dois jornalistas da Reuters. E não parou aí. Logo eram vazados 91 mil – você não leu errado – documentos sobre o Afeganistão. E mais 250 mil comunicados de diplomatas norte-americanos em 170 países. Os EUA consideraram sensível demais e acusaram Assange de espionagem. Quatorze anos depois, passando por reclusão e refúgio em embaixada, Julian Assange declarou-se culpado para ficar, ironicamente, livre.
Se já não estivéssemos tontos o suficiente com essas notícias, pesquisadores da Universidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, indicam que a velocidade de rotação do núcleo interno da Terra está mudando. Eu não sei de você, mas não sou eu quem vai culpar a Terra por isso. Você já sabe que essa coluna vem cansadamente alertando que o planeta não está de amores conosco.
Segure-se aí, porque a vertigem é garantida.
Andréa,
Os adjetivos andam tão desgastados, sofrem uma inflação pq são distribuídos por aí às mancheias, daí q qdo a gente precisa usar de verdade eles tão lá anêmicos e feaquinhos.
Dito isso eu preciso dizer que acho seu artigo deslumbrante na sua elegância discreta e
fazendo a complexidade parecer simples e ser compreensível pra nós, simples mortais.
Talvez eu possa apontar um uma pequenina falha: ele é curto e deixa uma vontade enorme de ler mais e mais. 👏👏👏❤️
Meu Deus, eu não tenho roupa para te responder. Muito obrigada! O que farei, em retribuição, é continuar, com a promessa de alongar um pouco mais.