por Andréa Pontes
O ano da serpente
Todo ano, é a mesma coisa. Para mim, pelo menos. Resolver como vai ser o Natal e o Ano Novo – sempre aos 45’ do segundo tempo. Em 2024, não sei de você, mas as coisas foram muito mais intensas. Sob a ótica do noticiário, sobrevivemos. É golpe, é guerra. Temperaturas excessivas. Enchentes. Dengue. Incêndios. Atentados terroristas. A gente faz cara de nojo ao ver os programas de retrospectiva. Mas, a de 2024 está de parabéns.
Dizem que é hora de se reenergizar, fazer planos para 2025. No horóscopo chinês, 2025 será o ano da serpente. Dizem que os nascidos sob esse signo chinês são perspicazes e enigmáticos. O que exige reflexão e planejamento. E cuidado com o que é traiçoeiro e desonesto. Bom, até aí… novidade, novidade…
Ontem, estava em uma palestra em que foi feita uma alusão sobre começar 2025 igual a um avião na decolagem. O avião é levado e depois pega impulso até a pista de pousos e decolagens. Então, ele pega potência, no geral, entre 200 e 280 quilômetros por hora. Mas, pegar essa potência no fim de ano para começar 2025 é para os fortes. Geralmente, estamos pelos cantos, aos cacos, pedindo para o ano acabar.
Mas, faz certo sentido essa incoerência. Porque o ano termina e outro começa. Em uma simples contagem regressiva de 10 segundos. É tudo muito rápido. Quando nos dermos conta, no ano que vem, já teremos o Pará sediando a Cop-30; teremos o desfecho do inquérito do golpe, impactos para eleições 2026. Estaremos com mais calor, mais chuvas intensas. Ainda estaremos assistindo o Oriente Médio em guerra, a Rússia e a Ucrânia em guerra.
Pode piorar. Deve piorar.
O que fica, do alto da chamada idade madura, é o que temos por dentro. Continuo adepta de que dormir com a cabeça tranquila é o melhor presente; não fazer parte do time que odeia, que passa rasteira. Fazer parte dos que gostam de rir impunemente; de ter amigos; família. Comida na mesa. Ainda há muito a agradecer, nesse redemoinho bem caótico.
É tempo de tirar o que não serve mais – de roupas, a pessoas, a acontecimentos. É tempo de ser feliz com o básico.
Podemos melhorar. Devemos melhorar.