Meu lindo, lindo, lindo livro novo
Não entro na conversinha do “ai, sou o dono, mas ainda assim é sofrimento e dor todo santo dia pra trabalhar”. Não entro mais nisso. Pra resmungar sofrer, tinha eu continuado a trabalhar prozotro, prazos impossíveis, ungidos me avaliando como se pudessem, chatices inenarráveis. Vim eu ser meu próprio chefe há o quê, uns três anos?, pra ser feliz. Pra gostar das coisas, pra escolher. Então é só alegria, Fal? É, uai. Alunos e clientes: só os que eu quero, os que eu gosto, os sensacionais. Todo aluno que começa, desço a escada depois da primeira aula pra contar pra Maliu como foi, e ouço o mesmo comentário: “Ah, não, todo aluno é seu preferido? Tem dó.” A gente fica rindo e comendo biscoitinhos porque, sim, todo aluno é meu mais querido. Sim. E a cada novo livro, a mesma Maliu olha para as capas, uma mais belíssima do que a outra, e começa a se sacudir “Vai, me diz que é seu livro favorito da Drops”. Mas é. Sempre é. Porque levanto da cama pra dar aulas incríveis e fazer livros maravilhosos. Ah, e pra ser explorada pelos gatos. Sobre isso não quero falar. Vai daí que, olha, tem o livro da Leo. Livro novo. Novinho. Novinho. Foi escrito em cima do joelho. Palavra a palavra. Pesquisado até a cabeça girar, porque o século XIX é um sumidouro de dores e perdas e lances sensacionais e invenções espetaculares. O século XIX é nossa casa, para o bem e para o mal, berço de tudo – tudo mesmo – que somos e fazemos e acreditamos neste bastante confuso começo de século. E a cada página, eu tinha de voltar pros livros, novos e velhos, pros historiadores, novos e velhos, pras certezas, velhas e velhas (certeza é sempre anciã) e reescrever e repensar e confirmar. Ficou um livro lindo, não apenas porque tem uma bela – belíssima, eu disse – capa, mas porque foi um trabalho muito bem montado de pesquisa, de erguer de fatos e de primeira pessoa (nao fosse eu a mais fiel das discípulas de Adamov – taca no google).
“Meu muito querido Pedro” são os últimos dias, as últimas páginas, os derradeiros suspiros de Leopoldina, a minha Leo, uma mulher terrível, maravilhosa, com enormes defeitos e qualidades, num tempo em que não nos eram dados – nem às mais ricas dentre nós – o espaço e a possibilidade de uma voz.
Foi um trabalho tão querido que originou uma coleção na Drops Editora, a coleção Todas elas morrem no final.
Você deve comprar esse livro, não porque está no preço promocional, porque eu sou uma mulher que toca uma empresa só com coragem (e alguma maluquice), porque você gosta de mim e nem porque quem comprar na pré-venda ganha um cartaz lindo. Você deveria comprar esse livro porque ele é bom pra caralho.
Seja parte de um poema
Um teto maravilhoso, de 1926, em Sydney. O que fazer de um Drops sem rumo. A figurinha da Fatorelli. Criaturas estranhas. Um crime na Turquia. Sorvete de doce de leite. A maneira gradual e gentil que as coisas têm, às vezes, de irem para o caralho. Guaraná. Guaraná. Guaraná.
Sinto sua falta? Sinto. Mas, né, sentir sua falta é tipo um projeto para mim. Sinto a sua falta, finjo que você me lê e tudo bem. Eu, definitivamente não tenho mais o que esperar.
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No fim de semana passado, buscando meios de amortecer você em mim com alguma coisa que não seja comida, maus pensamentos e planos de fuga, comecei três projetos. Preciso da figurinha da Fatorelli aqui dizendo com aquele sotaque carioca “não vai dar em naaaaaaada”.
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Tem sorvete de doce de leite no freezer. E série de extraterrestres na tevê enquanto eu trabalho.
Está tudo bem.
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Pra hora de dormir, série turca. Bem boa.
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Nossa cozinha é terra arrasada e eu não gunto mais.
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Preciso urgentemente de um novo colchão. Como “urgentemente” comigo é sempre relativo, vou ter de esperar seis meses ou mais. Coluna para que te quero.
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Resolvi a vida no Diarinho e na Nwesletter, mas o que fazer deste Drops? Essa é a questã que se impõe. Eu não sei mais. O fato é que a necessidade de um site existia. Mas, ao tornar o Drops um site, ele deixou de ser meu. Vozes demais, gente demais com as mãos aqui. Eu não sei mais o que fazer dele.
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A quantidade de felicidade que cabe numa latinha de guaraná é quase infinita.