por Andréa Pontes
A floresta e o banho de chuva (foto de A.P.)
Não há nada como noites bem dormidas para dias melhores. Não há nada melhor do que uma anestesista acolhedora em um exame complexo. Ainda mais quando o resultado não é nada demais.
Não há dia longo que não possa passar. Não há lista de compras que termine. Tampouco agenda que não dê certo. A sessão de terapia sempre termina, mas há outra.
Não há antecipação de voo de ponte-aérea que não alivie. Não há calor que não traga chuva, mesmo que pouca. Não há falta de planejamento que não traga transtornos.
Não há momento que não possa ser suavizado, trancado a sete chaves. E não há momentos bons que não possam ser eternizados no coração. Nem oração que, insistindo, insistindo, não acalme a alma.
Não há nada que a gente não possa lidar. Não há limites para nãos. Muitas vezes, são maiores que os oks da vida.
Não há problema sem resposta. Nem novela ruim que acabe. Nem a boa que não volte.
Não há crise que não possa ser superada. Se é o fim, então é o recomeço.
A casa estará sempre a ser limpa. As roupas, a serem lavadas. A vida, a ser replanejada. A fome deve ser saciada. Roupas doadas, lixo recolhido. Onde guardam nossos lixos? Há quem se alimente deles.
Tristeza não tem fim, felicidade, sim. É do poeta, eu sei. Confunde. Dá zero esperança. Mas, há hora que o desespero finda, porque, não sei, talvez seja a constatação de que assim é a vida.