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Escada, máscara, filme, ninho, a decisão que não precisei tomar

Tenho reclamado aqui e ali sobre a minha cama não ser mais um ninho. O que diabos aconteceu comigo nos últimos anos? Ah, você. Ou o que não me aconteceu, no caso.

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Cada vez que alguém me avisa que vem aí nova rede social, encolho os dedos dos pés. Peloamordedeus, somos todos insuportáveis, vocês querem conviver mais uns com os outros para quê? Para repostar mais e mais e mais o que todo mundo já leu no original? “Lula beija Caetano”, “Ciro se comporta que nem um alucinado”, “Bostonaro enfiou o IBAMA no cu”, “Ministro Tal fez tal estupidez” de novo e de novo e de novo e de novo. Jesus.

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Bem-aventurados os que levam o tratamento do silêncio pelas fuças, pois deles será o reino do fel.

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Homens me usaram a vida toda como escada para que bancassem o sedutorzinho de porta de escola com outras mulheres. Acho que é a sina de toda mulher feia, mas engraçada, feia, mas gente boa e, claro, feia, mas bacana. Daí pro tapa nas costas e o Graaaaande Fal!, dois palitos. Não raro, eles também me chamam de figura e me beijam na testa.

Fujo mais deles do que das mulheres bonitas que me querem para fechar a quota de amigas feias.

Trudia fui usada assim de novo e olha, sinceramente, esse pote até aqui precisava demais disso. Nenhuma palavra para mim, só o velho e bom “aproveitando que estamos conversando, o que você sabe sobre a…”.

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Gente imbecil comemorando que não precisa mais usar máscara, uhu, como se a pandemia tivesse acabado. Não suporto mais ninguém.

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Sobre o tapa nas costas, às vezes decidem por nós, o que é bastante confortável.

2 comentários em “Escada, máscara, filme, ninho, a decisão que não precisei tomar”

  1. eu gostava de interagir nas redes sim (#shame). Ou melhor, na rede: o face. Aquele, antigo, de muitas palavras e TL simples, com uma linha do tempo e só. Hoje estou em todas mas nem “vejo” nem acho que sou vista, a não ser como naqueles trocinhos que a gente roda e vê os cristais brilhando em fragmentos. Mas eu nunca fui boa nisso, não sei piscar o olho.
    Amanhã volto pra sala de aula e não sei como vou lidar com 50 pessoas, no mesmo ambiente, muitas sem máscara. Oremos pelo meu previsível chilique.

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