por Andréa Pontes
E assim começa 2024
Ainda há gente pulando carnaval. Já eu fui do bloco do sofá para o bloco da gripe. O jeito é repousar. Aceitar a mudança da programação faz parte da flexibilidade da vida.
Assuntos não faltaram neste fim de Carnaval – desfile de escolas de samba, blocos e as contas das ceias de Natal, do Ano Novo, o IPTU e o material escolar de janeiro e os gastos no Carnaval chegando. A inadimplência virá e já há sinais. Segundo o relatório Raio-X dos Brasileiros em Situação de Inadimplência, oito em cada dez famílias brasileiras encerraram o ano de 2023 endividadas, e um terço com dívidas em atraso. O aperto não é só no Brasil. O Japão perdeu a terceira posição para a Alemanha no ranking das economias do mundo. O Reino Unido do Brexit caiu para a sexta posição. Os Estados Unidos lideram a lista, seguido pela China. E nós superamos o Canadá; o Brasil ocupa o nono lugar.
Não há tédio no Brasil. A fuga de dois detentos da prisão de segurança máxima de Mossoró (RN) traz a primeira crise do ministro Ricardo Lewandowski à frente do Ministério da Justiça. Muralhas, mais concreto e mais leis infelizmente não vão mudar o cenário do sistema prisional. Nem discutir sobre o alambrado do presídio.
Aliás, o filósofo Mokiti Okada já dizia que o excesso de leis tem a ver com o quanto a humanidade precisa melhorar. Quem sabe, um dia, a Terra passa a abrigar seres mais humanos? Já se fala em reformulação da ONU. Para Mokiti Okada, a reformulação precisa partir do nosso interior. Ser feliz é fazer o próximo feliz.
Parece utopia, ingenuidade? Há quem estude sobre felicidade. O psicólogo Shawn Achor vem demonstrando que ser feliz é mais produtivo. Basta mudarmos a lente, passar a olhar o que é positivo no lugar do que é negativo. Nada fácil, só o noticiário já se contrapõe a esse objetivo. No lugar de procurarmos por sintomas e doenças, buscar o que as evita. Substituir o ‘estudar para passar’ por ‘estudar para ser um cidadão’. Por que não nos permitimos celebrar e nos concentramos sempre no que está faltando? Por que, ao falar de bem-estar, precisamos falar de saúde mental abalada?
Brawn descobriu que 75% do sucesso profissional está no otimismo e 25% são o QI (Quociente de Inteligência). Ou seja, ser feliz aumenta nossa capacidade produtiva. Médicos são 19% mais concentrados, executivos vendem 37% melhor. Estamos falando de dopamina, substância que nos traz o sentimento de prazer e felicidade e amplia nosso aprendizado. Nosso pesquisador Shawn testou em escolas e empresas de 45 países alguns exercícios, a serem praticados por 21 dias:
– Escrever três coisas novas diariamente sobre as quais é grato ou grata faz o cérebro reviver o positivo e a colocar o que é negativo em segundo plano.
– Meditação ajuda a vivermos em meio a um mundo multitarefas.
– Escrever uma mensagem positiva a alguém (leia-se: fazer algum gesto de gentileza por dia, um elogio, um agradecimento, oferecer um copo de água, você decide).
Tão simples. Quem sabe não precisaríamos de tantos muros, presídios, não compraríamos coisas desnecessárias, não teríamos tantos casos de Burnout, não brigaríamos e faríamos guerras em pleno século XXI?
A palestra do Shawn Achor está aqui.
Tudo é uma escolha. Mas, já que o Carnaval está se despedindo, não custa entrar nesse bloco.
Presos RN
Muralhas – leis – estrutura