Vai ter aquele dia que a coluna atrasará. Aquela semana em que se acumulam coisas que nem nos damos conta quando ocorreram. Mas, de algum jeito, ficaram por ali. Aí, é uma equação simples. Uma semana vem conjuntivite, na seguinte sinusite combinada com otite, na sequência temos faringite. O corpo vai avisando, avisando, até que juntamos uma pancada da vida aqui, outra ali, e o estresse nos vence. Sabe, um cansaço que vem do nascimento. Afinal, é isso, gente, gostemos ou não. Chegou ao mundo, já vai desvalorizando o corpo. É igual carro novo saindo da concessionária. A cada minuto, vai caminhando ao patamar de carro usado.
Não é fácil procurar o melhor todos os dias. Ser uma pessoa melhor, agir com ética – principalmente quando os exemplos contrários estão mais do que evidentes. A insônia vem nos lembrar que há coisas que não temos o que fazer. Ou, temos: o silêncio também age. Assim como as preces, os gestos, os olhares. A atitude, afinal, é o que pensamos sendo materializado.
Outro dia, contava a um pequeno grupo de amigos o porquê de as notícias ruins serem destaques na imprensa. Notícia, até onde aprendemos na faculdade, é algo que muda a rotina em uma sociedade. Quanto mais aquele fato transforma um número maior de pessoas, mais ganha espaço no noticiário. E, aos que torcem os narizes para crimes, saibam que, lamentavelmente, é isso o que ocorre nas esquinas de milhares de brasileiros.
Mas, o bem não tem vez? Em uma sociedade como a nossa, ainda não muito. Há consensos a serem quebrados. Quase todo mundo declarou em uma pesquisa da Ipsos que pretendia sair melhor do que entrou da pandemia. Já é algo. Mas querer não é poder.
São pequenas luzinhas, dentro de nós, que vão trilhando um longo caminho. E, o quanto antes a gente aceitar isso, mais rapidamente vamos levantar a cabeça, respirar fundo e ver o que há de bom.
E quando a coisa entortar, não brigue com si mesmo ou com os outros. Descanse. Respira. Pause. Para ter mais fôlego e continuar.
Apesar de não sermos da mesma religião, o padre Julio Lancellotti disse, uma vez, que “está claro que o caminho que eu faço é o do fracasso, porque estou do lado de quem é destruído e espezinhado”.
Faz muito sentido.
O negócio é não desistir. Não sabemos o que o vizinho está passando. Uma hora, uma semente, que seja, há de prosperar. Outro dia, uma pessoa veio me pedir desculpas, porque sabe que me deu bastante trabalho em uma fase da vida. Com o coração leve, eu disse que, ao contrário, eu cresci bastante naquele momento. Porque estava, a cada dia, tentando ser melhor. Se fosse fácil, talvez eu não me empenhasse tanto.