A vida é um eterno lead do jornalismo

por Andréa Pontes

Djamila Ribeiro e o fim do mês de maio

Em jornalismo, temos o lead como função básica. Nenhum conteúdo jornalístico que se preze vive sem ele. O Lead é a famosa representação do que chamamos de pirâmide invertida (é só imaginar uma e colocá-la de cabeça para baixo). Assim, o mais importante vem primeiro. As informações principais precisam estar logo no primeiro parágrafo. Para conferir se o essencial está onde deve estar, nenhum texto, em jornalismo, pode deixar de responder a questões que começam assim:

Como……?

Onde…?

Quando …?

Quem…?

O que…?

Quanto…?

Por que……?

Para que……?

Quando uma delas não é respondida, é porque a situação está capenga.  Necessita de melhor apuração, ou de um ângulo e saídas diferentes. A vida, parceiro, parceira, é um eterno lead. A gente não passa um dia sem ter que responder a essas perguntas. Nessa vida cada vez mais desafiadora – a gente cresce tanto em tecnologia e fica igualmente carente do básico. A fome e a saúde mental estão aí para nos lembrar disso.

Para sabermos onde estamos, precisamos nos perguntar, sempre: Quem somos nós? Onde estamos? Como temos passado? O que estamos fazendo? Por que e para que estamos fazendo o que fazemos? Quando foi que passamos a fazer o que estamos fazendo? Quanto tempo estamos investindo em nos fazer essas perguntas?

Longe de um texto filosófico. É jornalismo puro. São fatos e dados. A concretude. É a ‘matéria’ da nossa vida. Vamos combinar, a gente sempre deixa esse texto, por vezes, para depois. Claro, há os narcisistas, ‘primeiro eu, depois eu, e na sequência, eu’. Mas, aí, já não é matéria jornalística, é artigo, opinativo, pessoal. Essa matéria, da qual falamos, precisa sair e interagir com outras.

A vida é esse eterno lead. Reescrito, revisado, ora no pé, ora perdido, ora brilhante. É  coisa que só nós podemos fazer.

Alguém já disse (perdão, não lembro quem ou se foi algo similar) que a melhor matéria é ainda a que vai ser redigida. O título dela vou deixar com vocês.