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A eterna beleza de ser um eterno aprendiz

por Andréa Pontes

Yufi nos dizendo que prazer sempre e que esse papo de dor é coisa de humano (Foto de A.P.)

Viver e não ter a vergonha de aprender. Essa essência, de se colocar na posição de servir e aprender, vai muito além de “O Monge e o executivo”, de James C. Hunter.  É algo para a gente não sair da casinha do bom senso, do ético, do dormir com a cabeça no travesseiro tranquilamente. Falar não é tão fácil, mas, calar-se é para poucos. Porque é preciso escutar e observar. Ironicamente, são dois olhos e dois ouvidos e apenas uma boca. Naturalmente, são e deveriam ser a maioria. Observar e escutar. Um eterno aprendizado, esse, de colocar-se frente a frente com um espelho.

Feriado, vou assistir ao recomendado “Império da Dor” – agradeço, Antonio Alves e Rhaisa Trombini, pela dica. Série da Netflix baseada no livro de Patrick Radden Keefe, escritor e jornalista, sobre a farmacêutica Purdue Pharma. Além do grave cenário da dependência química, destaque para Uzo Aduba, que brilhou em Orange is the New Black e não decepcionou, pelo contrário, no papel da advogada Edie Flowers. Alerta de spoiler leve, para quem ainda não assistiu. Edie é irmã de Shawn Flowers (ator Jamaal Grant). Shawn foi para a cadeia, por tráfico de drogas. Edie nunca perdoava o irmão, por ter, sozinha, cuidado da mãe até a morte, enquanto ele cumpria pena na prisão. Até que a vida mostrou para Edie que, aparentemente, o que julgamos por maldade pura pode ter uma história que faz do algoz uma vítima. Sempre há uma escolha. Mas, cansada do 7 x 1, nossa protagonista desabafa. “Os bonzinhos nunca vencem”, disse Edie a colegas advogados, “a vida é isso mesmo”, completa.

Na véspera, o controle me leva aleatoriamente à “Além da Vida” (The Keeping Hours). Alerta de spoiler. Mark e Elizabeth vivem felizes com o filho Jacob. Tudo desmorona em um acidente. Jacob se solta da cadeirinha e morre, o casal se perde no relacionamento, separam-se. Reúnem-se novamente em uma experiência mediúnica com o filho. Com uma mensagem subliminar, o filho conduz a mãe a uma nova jornada e os dois partem dessa vida. E, o pai, vai encontrar outra Elizabeth e outro Jacob.

A vida começa, recomeça e repete o ciclo. Buscar o amor é uma escolha óbvia, mas dura, em meio a tanto “vencer custe o que custar”. É tentador o poder, e o segredo é ser o mesmo, a mesma, onde quer que seja. Já é um trabalho danado superar-se, o que dirá sentenciar os outros. Não há receita sobre como escapar da dor – a Purdue sofreu uma lição e tanto por isso.

O que se sabe é que, se tudo desmoronar, ainda temos o travesseiro para descansar. Não é para todos.

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