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um e-mail de muitos anos atrás

O meu analista vai me dar um soco no nariz se souber que eu disse isso, mas olha: não preciso. Não preciso que você leia o livro (o que não significa que eu não queira). Não preciso que você queira receber um exemplar de papel pelo correio. Não preciso de longos e-mails cheios de histórias engraçadas, anotações sobre o cardápio do almoço de ontem, comentários sobre o metrô e o trampo, reclamações sobre grana e pulmões, análises sobre séries e gibis, descrições cruéis sobre o comportamento de nossos amigos naquele bar em Botafogo (o que não significa que eu não queira). Não preciso que você leia meu blog, de postagens diárias no seu blog, de likes e recadinhos engraçadinhos no meu (o que não etc.). Não preciso de dedicatórias em postagens.

Preciso, sim, mesmo, sim, de minúsculos sinais, luzinhas que piscam, dum “olá” geral e impessoal que eu invento dentro da minha cabeça que foi pra mim. E isso, olha, sempre tem.

Soco, não, meu analista vai tacar um cinzeiro de pedra na minha cabeça.

Eu nunca acho que você não liga, Preto, mesmo se, nalguma hora, por algum motivo, você não ligar.

Beijo,

Preta.

(eu realmente acreditava nisso. a vida é interessante demais. cruel. mas interessante.)

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