por Andréa Pontes
estamos todos descabelados com o noticiário
A semana (ou melhor, o milênio, que é para a gente não ser injusta) começou quente. A sensação é que há um tiroteio de notícias. Quando você se abaixa para desviar-se de uma, é atingido por outras.
Nessa semana, vimos uma parte do que a extrema-direita pode ainda fazer. Há uma movimentação pelo mundo e é preciso acompanhar as narrativas. Sim, elas que movem discursos, ações e conseguem explicar por que faz sentido levantar um projeto de lei contra o veganismo nas escolas do Rio, porque, na visão do autor – Carlos Bolsonaro – é algo da esquerda. Faz parte de narrativas, até porque não é preciso muito conhecimento para saber que merenda escolar no sistema público conta com algo próximo a zero para crianças veganas. A maioria está faminta e sequer tem todas as refeições diárias em casa. A escola, muitas vezes, acaba resolvendo questões sociais com profundas camadas.
Então, se você quer votar da melhor maneira possível nas eleições municipais deste ano, por mais que o estômago se revire e você simplesmente não dê conta de tantos temas, é preciso prestar atenção ao noticiário e às narrativas. Vai além de repetir informações, mas entender o porquê. Já é uma grande diferença, em um mundo que tem mais gente falando por falar sem saber o que diz.
Dito isso, a segunda-feira, pós um domingo de extrema-direita em Copacabana, no Rio, vivenciou o Acredita. O nome, um bom recado para nós, brasileiros. O programa, com crédito para quem tem Bolsa Família e Desenrola para pequenas empresas. Ou seja, o Governo vai ao encontro de quem mais sofre. Para justamente movimentar o poder aquisitivo e fazer a economia girar.
O presidente Lula faz uma comparação, no café com jornalistas, para lá de inteligente, ao exemplificar o que é gasto e o que é investimento: “os jornais que vocês trabalham investem no salário de vocês é gasto? Ou é investimento?”. Lula quis dizer ao mercado que educação, ciência, saúde são investimentos. O mercado chiará, de todo jeito. Pois estão de olho no teto de gastos. Para isso, o Ministro Hadad entrou hoje mesmo com um Projeto de regulamentação da reforma tributária. O programa prevê uma execução até 2025, para então haver transição do IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O IVA vem para que, na cadeia produtiva, ou seja, da origem até o produto na sua casa, os impostos sejam pagos uma só vez por cada um que faz parte desse caminho. O que torna a vida das empresas muito mais fácil, sem precisar pagar inúmeros impostos.
Já o nosso vizinho, a Argentina, tem um presidente que vai comunicar o primeiro ‘superávit’ depois de muito tempo em território portenho. Porém, colocando a lupa nessa informação, vemos que não é bem assim. De que adianta arrecadar mais e gastar menos, se a Universidade de Buenos Aires, uma referência para muitos brasileiros, não tem como pagar a conta de luz? Cortar despesas é essencial a um governo com 280% de inflação ao ano, mas cortar subsídios sociais sem previsibilidade de volta, aumentando contas de luz e gás, por exemplo, é um combate ao déficit insustentável. Algo não está muito certo.
Estamos há décadas falando dos mesmos problemas – fome, má distribuição de renda, gastos públicos, falta de moradia para todo mundo. Por isso, precisamos tanto nos aprofundar e não comprar de imediato as informações como superficialmente se apresentam.