por Andréa Pontes
azul
A orquídea não nasce azul. Pelas mãos do homem, ela se torna azul. Quando as flores caem, a orquídea volta a nascer na cor original – branca. O azul é o contentamento, em si, é a paz, é o céu, é o mar. Já a branca é a paz, essa palavra de três letras e de uma profundidade. Nós, humanos, buscamos tê-la todos os dias.
Ultimamente, ela parece distante, longínqua. É porque só analisamos o externo das coisas. Se olharmos, internamente, dentro de nós, a coisa parece pior. Por mais que nos esqueçamos, é de dentro para fora, é da nascente para o mar, é a causa e o efeito, é o branco, que reflete todas as cores, para uma delas, o azul.
Quanto mais cuidamos de nós, mais podemos cuidar do outro. Em sustentabilidade, aprende-se que uma empresa só vai ter valor, se gerar valor aos outros – os públicos, as relações. Só podemos dar o que temos. É, eu sei, há os que parecem só ter coisa bem ruim para dar. Mas, aos olhos desses, estão se ligando ao que aprenderam – o olhar somente externo. Se você reparar bem, o interno é uma bagunça.
Eu, sinceramente, não sei a receita, o mapa do tesouro. Estou como vocês, buscando a paz. Se você está procurando por guerra, não sou eu quem vai lhe impedir. Cada um sabe de si. Eu, honestamente, prefiro pensar que é o vai e vem da estação cantada por Maria Rita, letra do Milton Nascimento (Bituca) e Fernando Brant. Dois geniais.
Então, provavelmente já estive em algum momento neste time do olho por olho, dente por dente. O que me fez chegar à estação do extremo, a de quem não quer guerra com ninguém – ou busca isso. A gente só se livra dos que querem conflitos quando a gente aprende a lidar com eles. A pegar menos pesado com a gente. E a lidar da melhor maneira possível com quem continua na outra estação. Afinal, é o mesmo trem.
O tal do equilíbrio, a paz, é manter distância dos extremos. Não importa em qual estação você esteja.
Ora você deixa a vida lhe pintar, ora você assume o controle das tintas. E assim vamos levando. Sem altos e baixos, a gente morre.