por Andréa Pontes
Seleção feminina de futebol deixando a Espanha desolada nos Jogos Olímpicos
Foto: CBF
Marilena Chauí, socióloga e nome de referência no País – grande educadora – diz que a gente não dá o nome certo às coisas. No caso, falamos aqui do mercado o tempo todo. São os grupos econômicos dominantes, em bom ‘chauizes’. E é importante acompanhar esses movimentos e o que impacta no bolso nosso de cada dia.
Pois bem, começamos a semana com o mercado, no Japão, com medo, preocupado com a recessão nos Estados Unidos. Com isso, os investidores recuam. Quando recuam, as bolsas de valores operam em baixa. O Oriente emitiu os sinais – Coréia do Sul e Taiwan também acordaram com os mercados de mau humor. Uma queda e tanta, não vista em décadas. Na sequência, Wall Street, o coração dos negócios nos Estados Unidos, despencou via índice Nasdaq – que representa empresas gigantes da tecnologia. O Dow Jones, outro índice importante, também em queda.
Mas, afinal, que tiro foi esse, parafraseando a música da icônica Jojo Toddynho? Os Estados Unidos estão com 114 mil vagas de empregos a menos. O Banco Central de lá, o Fed, não quer cortar a taxa de juros, mantidos na casa dos 5%. As empresas colocam os pés nos freios. E desaceleram. Pronto, está feita a receita da recessão.
No Brasil, não ia ser diferente. A Bolsa de Valores brasileira recuou – menos do que o esperado, a ‘surpresa’ de sempre. Entramos, aqui, na chamada desinformação, que infelizmente está mais em alta do que imaginamos. Então, caro leitor, não entre na onda de memes de taxação. Vamos, aqui, honrando Chauí, educar. Há uma reforma tributária, há anos ansiada, em curso. Então, as taxas estão diminuindo para o seu bolso. Não foi o Governo atual quem inventou que se um produto vem de fora, há uma desigualdade de mercado, então, caros, há de ter taxa. Não foi também o Governo atual quem inventou que se vem dinheiro de fora – caso dos medalhistas dos Jogos Olímpicos – há, sim, de se pagar imposto e depois tem a questão de restituição.
Entre os vários grupos econômicos, há mais a defesa dos interesses, então, há pressões, há discussões, é Governo, é Senado, é Câmara. Temos imposto estadual em jogo – isso impacta os governos estaduais. Pelo Imposto sobre Valor Agregado (IVA), há a previsão que vai para o estado. A discussão é ampla, com várias camadas. O que importa, de verdade, para você: para cada taxa de blusa do exterior, vá juntando com milhares de brasileiros que fazem o mesmo. O País deixa de ser competitivo. Gera menos empregos. O resto, você já sabe.
Então, o recado é: informe-se corretamente. Não pelo Whatsapp, com todo respeito à ferramenta. Mas por canais relevantes. Veja se o que você está assistindo só um alguém está falando. Ou alguns. É um grande sinal de que algo não está certo. Não entre de gaiato em confusões entre Santa Ceia e deus Dionísio sem, antes, ler sobre os fatos históricos. Não aceite informações.
Tudo impacta. A tensão de Israel com Gaza, Irã e Líbano. A recessão nos Estados Unidos. O Banco Central e a manutenção da taxa Selic a 10,5%. O mundo está feliz com o clima de cordialidade nas quadras olímpicas. Mas, do lado de fora, a coisa toda não está parada, está em constante ebulição.
As eleições municipais estão chegando. Então, olhos abertos ao que você lê. Tudo vira discurso, narrativa. O alvo é você, sou eu, somos nós. Nossa formação de opinião, nosso voto. São ouro, muito além dos Jogos Olímpicos. Ah, a propósito, pagar imposto pelo que se ganha com as medalhas é algo feito desde 1970. Não caia em papo furado, amigo (a) leitor (a). Pense a longo prazo. São quatro anos, no mínimo – pois há casos de reeleição e novos mandatos. As políticas públicas estão aí. É lindo ver a Rebeca Andrade provocando filas de crianças querendo entrar para a ginástica olímpica. Mas, que bom seria se a gente fizesse mais. Ia sobrar Rebeca por aí. Nem todos no pódio, mas, muitas com futuros melhores, com educação de qualidade e contínua.
Temos que nos valorizar. E combater a desinformação faz parte disso.
Olimpíada, para brasileiro, é todo dia.
Sem tempo, irmão.