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Para o ano

O ano do Drops teve umas coisas lindas. Teve umas coisas cruéis de doer o coração. Teve horóscopos cientificamente aferidos. Teve perda, fuga, luzinha no corredor, bolo, brigadeiro, medo. Teve lasanha hippie e arroz de bicho-grilo, porque vocês sabem, tudo é força, mas só Maliu é poder.
O ano do Drops teve poesia, livro roubado, reencontros. Teve encontros que nunca, nunca mais vão acontecer. Crocodilagem, teve também, Umas canecas lindas. Um livro que eu queria fazer há anos, agora está no mundo. Um prêmio muito bacana. Soco na boca, opa, teve. Teve filmes, mas para ser franca, nenhum incrível. O Apart-hotel do conde Drácula e suas prateleiras inacreditáveis esteve no chão quase que doze meses. Teve jantar feito bem direitinho quase toda noite. Teve projeto desenhado, teve plano, teve shampoo com cheiro bom e a certeza de que tudo, tudo mesmo, acaba. Teve solidão, teve demais. Teve decisão de fechar a casa, descoberta, molho de tomate com matinho dentro. Teve Tim Maia e Tom Jobim todos os dias. Teve tanto, tanto livro lido e relido, teve um Bryson novo até. Teve vontade de chorar, teve choro no banho. Teve imbecis no poder e o aplauso dos injustificáveis. Isso não dá pra esquecer. Teve riso. Xícaras. Sopa, todas as noites. Teve o afastamento de alguns queridos e alguns até parecem eternos, mas estamos velhos e calejados pra saber, nada é definitivo. Teve muito Bach, muito, muito Chico. Teve Salmaso, porque o amor exige. Muito Chagall, muito Vermeer, umas Kusamas de respeito. Teve quase que uma imersão de Boudin, o mestre de Monet. Teve a aceitação, bem dolorosa, bem, bem dolorosa de que alguns não querem estar, nunca vão querer. Desenhos, teve pouquim, mas teve. Canetinhas e papeluchos? Teve. E teve menos Vanzolini do que o necessário, vamos arrumar isso para o ano.

Feliz 2020.

Até já.

2 comentários em “Para o ano”

  1. u ia comentar esse post, me prometi isso, mas parece que os dias este ano são todos uns dementadores que não só sugam a alegria (eu posso tentar viver com isso), mas também as maiores lembranças e as pequenas palavras. não sou muito de fazer planos ou promessas de ano novo, mas mais Vanzolini me parece desejável.

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