por Andréa Pontes
O pet lembra aos seres humanos: há fofurices no mundo.
19h14. Coluna atrasada. Coluna doendo na lombar. Tornozelo inchado. É, sexta-feira, você cada vez mais cobrando o preço. É preciso tomar outro banho (esse mormaço fica entre a chuva e o calor na base da pancada). É preciso lavar o nariz nesse tempo ora seco, ora com a umidade nas alturas. Há quem diga que o mundo acabou e só estão mesmo aguardando o show da Madonna começar. É. Pode ser.
Silêncio. Respirar fundo, fechar os olhos, colocar as pálpebras pesadas e pensar o quanto ainda temos vida pela frente. Verdadeiramente, penso que as árvores, as frutas, as flores, os pets, as florestas, os rios, cachoeiras, devem ter algum tipo de comunicação que não compreendemos. Mas, eles, sim. O diálogo, imaginário (ou não, para quem acredita) não deve ser bom para nós.
– Gente, eles não vão parar de queimar a gente, não?
– Eu não sei o que têm na cabeça, atentam contra a própria vida, esse pessoal aí que diz que é superior a nós.
– Eu, hein, não sabem tomar um banho de rio, de cachoeira, de mar, como antes. Não têm tempo de respirar, que perigo. Estão sempre nervosos ou à base de remédios demais?
Respirar fundo. Entender que cada minuto conta. Que, no fim, não tem #tbt ou como voltar atrás.
Vai ser vida a menos a cada seriedade demais. A cada falta de riso, de simplesmente caminhar por aí, de ser humanamente feliz.
Constato, não surpresa, mas, triste, mesmo, que discutimos tanto a Inteligência Artificial e a gente está aí, rindo menos, chorando, odiando mais. Vendo menos o mar, fazendo menos carinho nos pets, ouvindo menos os passarinhos cantarem. Vai chegar uma hora que por questões médicas seremos obrigados a…. viver.
Tomara que os médicos distribuam vários atestados obrigando mesmo as pessoas a viverem