por Andréa Pontes
Na dúvida, faça as unhas (foto de Andréa Pontes)
Seis meses, 2023. Não sei de você, mas parece que já foram uns cinco anos. Uma coisa é certa: não há tempo para bancar o tonto. Não temos um segundo de folga. A reforma tributária avançou e isso fez com que multinacionais se sintam mais confortáveis. Menos inflação, mais poder de compra, uma boa safra no setor agrícola à vista. Já a Associação Brasileira de Supermercados manifesta preocupação. Para tudo isso funcionar, os programas sociais não podem sumir. A conta não vem de hoje. O salário-mínimo, atualmente fixado em R$ 1320,00, deveria valer cinco vezes mais, segundo o Dieese. O nosso bolso tem subsolo.
A julgar pelos 33 milhões de famintos que assolam esse Brasil, temos muitas carências. Além do prato vazio, a falta de amparo em todos os sentidos. Um capítulo à parte é a questão dos CAPs – Centros de Atenção Psicossocial. Muitos estão sucateados e milhares de pessoas à deriva. O nosso IBGE apurou que 18,6 milhões de pessoas com dois anos de idade ou mais têm alguma deficiência – ou seja, 9% da população brasileira. Apenas 22% estão empregados e a renda salarial é 30% menor do que quem não tem deficiência. Não, não é para amadores.
É, Brasil, quem mais precisa de atenção é quem menos a recebe. Prova disso são os inúmeros golpes aplicados em idosos por esse País. É o golpe do bilhete premiado, do empréstimo, do sequestro… 70% de aumento nesses crimes, pelo Disque 100 do Governo Federal. Sem falar na violência contra mulheres, algo assustador. Precisamos de mais Thiagos Brennands sem impunidade.
Nem o futebol, cartão de visitas, está escapando. Torcedores, chateados com desempenhos dos times, passaram a cobrar jogadores em hotéis, motéis, a jogar fogos de artifício na direção do campo. Agredir sem medo, algo extremamente perigoso. Uma confusão entre sabedoria e ter diploma, entre liberdade de expressão e o “eu” ilimitado. O ego acima de tudo.
A gente precisa aprender que ser feliz não é algo intangível e muito menos permanente. Entre sustos, tristezas, amarguras, há a felicidade. De viver, de estar vivo, de ter pessoas em volta, de tomar um café, de respirar. É isso aí que precisamos curtir e priorizar. No momento em que o que é ruim lhe parecer parte do processo, você zerou a vida. Quando você parar de querer ser e somente ser, vai se libertar da obrigação de ser absurdamente bem-sucedido, alegre, em um lugar diferente em cada fim de semana. Vai entender que fazer o seu melhor conta. E nem sempre o seu melhor é igual todos os dias.
É um blá, blá, blá – repetir o óbvio é necessário porque você não acredita nessas simples verdades, baby.
Até lá, não dá nem para fingir desmaio. O Brasil não deixa e a vida tem pressa.
Vão viver, please.
Excelente!