por Andréa Pontes
aula sobre kotobuki, com Luci Monteiro (foto: A.P.)
Em japonês, koto significa palavra, e, buki .feliz ou abençoado. Kotobuki, portanto, quer dizer votos de felicidade.
Já o biombo vai além de um móvel. Na cultura japonesa, é uma preciosidade, relata uma história e tradição; nesse espaço de registro, mostram a efemeridade da vida. Uma sequência de idas e vindas em breves instantes.
Um singelo arranjo de flor é representado pela palavra shorinka. Sho é pequeno, rin simboliza a nobreza e ka é flor.
Nesse balé de simbologias, o movimento kotobuki, com o biombo e a shorinka, transmitem um convite simples. Para ser feliz, lembrar que a vida passa rapidamente. E é nas pequenas coisas que podem estar grandes tesouros. De tão breve que é a nossa passagem por aqui, esquecemos de singelezas. Estamos sempre tão preocupados com o futuro, com a defesa, com o não querer, que deixamos de viver.
É verdade que, por vezes, tudo é tão intenso que a gente só quer morar no Studio Universal ou no Lifetime Movies e maratonar filmes natalinos. Aqueles, onde tudo acaba bem. Não importa se a mocinha mora em Seattle, ela arruma um jeito de ficar no Alasca. Tudo dá certo. Ou você fica viciado no filme publicitário da Coca-Cola e quer que se transformar em Papai Noel. Todos podemos ser Papai Noel. I could be Santa…
Ia ser tão bom. Mas, a realidade chama para Marcelinhos, Cariocas, novela com abusador, polarização. Além das redes mostrando agendas 2024 com propósitos, astrologia dizendo como será o seu signo. Não dá uma certa agonia, tantas receitas para acertos? E tantas notícias desacertadas? Daí a gente voltar pros filmes de Natal é um pulo….
O viver é necessário. Olhar o filho mirando a janela, o vento balançando a cortina, o som levemente irritante dos joguinhos eletrônicos. São as nossas shorins, pequenas e nobres cenas. O que é uma shorinka, afinal? Um pequeno grande tesouro, um recorte da Natureza, mostrando que é mais simples do que a gente foi acostumado a pensar. Talvez, por isso, seja tão difícil desapegar do complicado.
Talvez… seja somente viver esse instante. Esse segundo.
Ficamos preocupados enquanto os produtores de armas ficam muito satisfeitos com uma guerra nova que se estabelece.E a maioria população desse planeta tem que sofrer tanto.