por Andréa Pontes
Marcos Vinícius, o craque do jogo da semana – foto: Extra
Anteontem, vimos um homem, que se arriscou a salvar uma mãe e dois filhos das chuvas. Ela o chamou de “meu anjo”. Foi em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense. Área ainda castigada pelas chuvas de agora, de anos anteriores. Tanta gente sem ter para onde ir, perdendo sistematicamente o pouco que conseguem reunir. O IBGE fala em 49 milhões de pessoas sem rede de esgoto. É tudo desalentador. Vemos o anjo de Nova Iguaçu, vemos a estação “Gentileza”, em alusão ao profeta Gentileza, ser inaugurada, no Rio.
São pingos de esperança em meio à maioria ruim. Não dá para respirar o ruim o tempo todo. Por mais que seja a maioria que paira no ar. É inviável. É contra a vida. Precisamos ver o que é bom. É preciso termos segundos bons. Tirar os traumas das gavetas. É fato que quando a gente decide que esse ano ‘eu não morro’, como a letra Sujeito de Sorte, de Belchior, os obstáculos logo se apresentam. O noticiário, os BOs diários e a dor do passado invadem o peito. O choro é opção, claro. Mas, é preciso se esforçar e sorrir.
Deve ser por isso que a gente busca tanto por leveza. É como um soro na veia, um suspiro. Entre arrancar uma erva daninha e cortar um espinho, esse fôlego é fundamental. Por vezes, esse intervalo vem em forma de um descanso forçado. Esses dias, torci o pé, tropecei em pedras. Bem lugar-comum. O que fazer? Deixar para lá o que é possível. Assim como os trancos da vida, uma lesão no tornozelo faz a gente latejar por dentro. É o corpo tentando se reacomodar. É a alma se adaptando.
Assim vai o brasileiro, que perde tudo em uma enchente. A mãe que chora porque não tem saneamento em casa. É tentar e tentar de novo. Tristeza para se jogar fora.
Assim são a mãe e os filhos salvos de uma enxurrada. A gratidão que vai morar na alma para sempre. Taí uma coisa para se guardar.