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Pedra bruta: GPS no meio do caos

por Andréa Pontes

Segure firme o seu localizador de fatos reais em meio ao caos de opiniões

Os analistas financeiros – leia-se, mercado – fizeram uma aposta: o Produto Interno Bruto, o PIB, não passaria de 1,5%. A economia brasileira respondeu com o dobro: 3%. Ou seja, tudo o que foi produzido no País em bens e serviços dobrou a meta do que o mercado esperava. Quando o PIB cresce, sinal de que a economia está aquecida. Faça um teste: circule pelas ruas do seu bairro e repare se surgiram novos pequenos negócios, lojas, se há mais placas com vagas de emprego.

Então, fica a pergunta: por que o noticiário está repleto de ‘mas, porém, contudo, todavia’? Há o mercado, que reprova as ações do Governo. O noticiário chega a utilizar o verbo ‘despiorar’ no lugar de melhorar. E questiona — até quando? E as reformas? O Governo poderia ter gastado menos.  E se experimentarmos o contrário? O Governo poderia ter reduzido mais os gastos, mas, em relação à pobreza extrema — brasileiros que dispõem de menos de 30 reais por dia — chegou a 27,4%. É o menor índice em 12 anos. São milhares de brasileiros melhorando de vida. Ou, ainda, o mercado clama por reformas, mas hoje o presidente Lula está no Uruguai. Não só para matar as saudades de Pepe Mujica (por sinal, estreia hoje Os sonhos de Pepe, documentário sobre esse homem, que trocava palácios do Governo uruguaio por chácara e até hoje simplifica o que é complexo para nós, mortais, entendermos, essa dinâmica do capitalismo e seus efeitos e interesses). Hoje, o Uruguai pode assistir a uma parceria entre Mercosul e União Europeia, algo muito ansiado na América Latina há pelo menos duas décadas.

Falando em interesses, política e economia andam juntas. Importante reparar. Já começam a despontar candidatos à presidência em 2026. A direita, por conta dos inquéritos da tentativa de golpe político que o Brasil sofreu, organiza-se, com Ronaldo Caiado e Gilberto Kassab. O Congresso está de mau-humor com a transparência solicitada por Flávio Dino, Ministro do STF, em relação às emendas parlamentares — as famosas “emendas PIX”, com quantias volumosas em municípios que você nem sabe pronunciar, sem sabermos por quais razões essas cidades receberam tanto dinheiro e outras não.

Falando no dia a dia, são tantos disparates que a gente se perde nas notícias. Ontem, uma cena de um policial militar de São Paulo jogando um homem de um viaduto. Na outra cena, um rapaz furta materiais de limpeza e é alvejado por nada menos do que onze tiros. Morre instantaneamente. No outro caso, um homem é morto por seguranças em uma estação de trem, em Carapicuíba, município de São Paulo. A carne negra é a mais barata, já cantava Elza Soares.

Fica a reflexão de que o mercado chia, e a conjunção adversativa, mas, aponta: imaginemos se a economia não tivesse melhorado, se a vida dos brasileiros não tivesse melhorado, seria pior essa desigualdade e ainda maior essa violência com quem tem menos. É preciso equilíbrio e, para isso, é necessário ceder. Há lados que ignoram solenemente tal verbo.

É o caos. Porém (a lindeza da adversativa), desta vez parece que deram GPS aos pobres mortais.

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