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Eu tiro onda para a onda não me tirar

por Andréa Pontes

a gente só queria um pouco do Leblon do Manoel Carlos

O Brasil resumido em um Porsche. De um lado, uma família de alta renda, um veículo avaliado em R$ 1 milhão. Do outro, uma família de batalhadores, um carro de aplicativo. O enredo não nos surpreende. Motorista, alcoolizado, dirigindo de forma imprudente. Um brasileiro, pai de família, falece. E toda a história, que se repetiu e se repete, só vem à tona, porque, afinal, caiu na imprensa. Escancaradas as desigualdades sociais, do tratamento dado ao caso às consequências.

O Brasil resumido ao BBB. Temos um favorito. Brasileiro, motorista de aplicativo, baiano da gema, lutador.  Temos uma segunda favorita. Brasileira, feirante, que customiza biquinis com frutas. Tem que a considere uma personagem. Do outro lado, um (ex) marido que comete traições ao vivo. As relações complicadas, as percepções diferentes da realidade e o que passa lá fora. Juram que o favorito é manipulador – talvez seja – e se esquecem de uma sociedade escravagista e de um racismo, portanto, estrutural, que permeia conversas e frases muito erradas. E aí temos um cantor famoso que resolve ignorar o favorito e o Brasil não deixa barato.

O Brasil resumido ao esporte.  Zebras nos gramados. Acusações de fraudes com base em Inteligência Artificial. Alegria. Gols. Desanuviar a cabeça. Estarrecer-se com a violência entre torcidas. Divertir-se com a figura icônica invadindo o jogo Náutico x Sport. Zebra nas quadras e nas quartas de final das Superligas de vôlei. Paixão da torcida, que recorrem a buzinas para desnortear jogador no momento do saque. Aquele rally que a gente adora.

O Brasil do Brasil dentro de cada brasileiro. A vida vem em ondas, como um mar, num indo e vindo infinito. A vida é isso aí. A gente leva caixote, a gente se levanta. Às vezes, entramos em modo turbo. Às vezes, apreciamos a calmaria. Às vezes, juramos que estamos em algum reality ou em uma competição. O tempo não para. Por vezes, BOs que demoram e rendem e se subdividem, dando crias. Às vezes, o que precisamos é tirar onda

O jeito é tirar onda. E ouvir Jairzinho . E Lulu.

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