Chuva. Chuva, chuva, chuva. A única coisa boa da semana (fora a sua foto que voltou a ser meu protetor de tela porque que se dane) foi essa chuva redentora, a semana toda, intermitente, mas aí, quase o tempo todo. Temperatura alta, mas chuva. Pais caótico, mas chuva. Zero você, mas chuva. Chuva.
Estou me sentindo péssima porque o sol sumiu e sem ele não-sei-quê-não-sei-quê-não-sei-quê? Não. O sol que morra. Porque chuva.
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Parei de gostar comida, ao que tudo indica. A minha, a dos outros, a do boteco aqui do bairro que faz comida chinesa pelo preço de um marmitex – e que eu amava. Consegui estragar um sanduiche de queijo e uma omelete, depois de estragar diversos espaguetes, tortas, cafés (sério) e, olha, um brigadeiro. E saiba que as minhas omeletes costumavam provocar suspiros nas almas mais empedernidas. Nenhuma nenhuma comida me faz feliz. O que é meio desesperador, porque comida, durante cinquenta anos, foi a coisa a me fazer feliz. Agora que não gosto de comida, vou gostar do quê? (esse barulho que você ouve é o Universo gargalhando).
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Eu fazia essas coisas. Montava grupos. Era sem querer mais ou menos, eu realmente não pensava “ah, vou montar um grupo”, quando eu vi, tava lá, mas também não me reprimia, Menudos style. E um dia, num grupo que montei, tomei a maior porrada, depois duma série bem razoável doutras porradas. E o grupo no mais absoluto silêncio. Ninguém ali arqueou a sobrancelha. Saí, claro. Continuei amiga duns dois, razoável nos olás com mais dois e, né? Grupos nunca mais e tal e tal. Mas às vezes, só as vezes, penso que se eu apresentasse a Bliblinha, que trabalha não sei onde para a Zuzinha, que adora sei lá eu o que, nossa, ia ser muito legal. Tomo um toddy, um banho morno e uma aspirina e largo mão de bobagem.
eu não sei se parei de gostar de comida, mas com certeza parei de gostar da comida disponível: minha ou dos restaurantes do ifood. Ainda quero comer, mas só quero comer o impossível: a guioza da Liberdade, o risoto negro do Mercado da Ribeira, a panelada do Mercado Central de Fortaleza, o bacalhau com grão de bico da cozinha de, bom, do lugar que era um abraço. Escrevi, reli, ri com vontade de chorar: quero viver o impossível. Ou apenas: quero viver.
Ah, aqui também chove e chove. Tô preocupada com minhas florzinhas que não são acostumadas com tanta água e vento.
Lu, sobre comidas: nem isso. Virei um ser não comidável. A Maliu “faço uma omelete, já que vc não quer comer a sua?” e eu “não”. Olha, nunca dantes na história dessa indústria vital.
Pobres das suas florzitas. O inverno aí é de chuva também?
Começou a chover bem mais cedo do que o comum, esse ano
Aqui já tem uns três ou quatro anos que a chuva não segue um padrão. Vamos todos morrer etc. etc.
Certos acontecimentos me tiraram o gosto por cozinhar. Eu amava a segunda cozinha em que morei, comprida com uma bancada ótima. Fazia de tudo e ficava ótimo. Aos poucos, num período de dez anos, perdi o prazer de preparar a comida. Queimei feijão, rissole esqueci no fogo, arroz salgado. Não me reconheci. Nunca mais minha comida ficou boa. Desejo que essa situação passe rápido com você. Bjs
Eu te amo e tudo o que vc disse ressoou fortemente em mim. <3
❤️❤️❤️
liamo