por Andréa Pontes
Presentinho (foto de A.P.)
A gente quer muita coisa à meia-noite e um do dia 1º de janeiro. É tanta coisa que ficamos eufóricos, é uva para comer, pulinhos em ondas para dar, banhos de ervas, sementes de romã. O ambiente mágico é bom, positivo. Afinal, pense nesse minuto. São milhares de pessoas desejando coisas boas simultaneamente. Sempre tem o pessoal ruim pensando o pior para os outros. Mas, esses são sempre assim. A gente já os exclui de cara.
O tempo vai andando como se deve e vamos ficando mais ponderados. Desejamos o possível, enxergamos melhor. A tal gente ruim está excluída do texto, lembre-se disso. Há os que vão, infelizmente, passar por essa vida sem nunca ter dado um passo à frente.
Voltemos ao que interessa. Para conquistar, precisamos encarar e de frente. No pain no gain. As roupas rasgadas não sumirão do armário, o Alzheimer não vai regredir, essa dor de alma não vai desaparecer. A roupa precisa ser lavada, as contas pagas. Não por acaso, o mês é do Janeiro Branco, conscientização pela saúde mental. É preciso estar alerta a sinais de desânimo, a se deixar por último, a entender as entrelinhas. A saber deixar a batalha que não vale o esforço de lado. Deixar para lá deveria virar frase de ordem em camisetas. Como a gente leva a sério tantas coisas desnecessárias…
Parem de ser doidos. Seria a minha camiseta preferida. Se alguém gosta de esportes, não é obrigatório entender de todos, não vai ser cancelado porque não entende nada de Buzkashi (eu sei, exagerei, mas vai ver no Google se não tem…). O fato é que estamos preocupados demais se o fulano entende da história da cultura de Djbuti (é de propósito, ok, país com 830 mil habitantes na África). Ou porque cargas d’água a Marisa Monte canta que é feliz, alegre e forte, em um Brasil de mais de 30 milhões de famintos. Deixem os coleguinhas brincarem com o que quiserem. Apenas, parem…
Arrume a cama. Isso devia ser dito em todos os programas de rádio logo pela manhã. Quer salvar o mundo? Comece arrumando a própria cama. Quer perseguir padres que alimentam pessoas invisíveis à sociedade? Vai arrumar a cama. Quer reproduzir informação sem verificar antes, podendo acabar com a vida de alguém? Pelo amor do Universo, vai arrumar uma cama.
Depois, você começa a caminhar. Já dá um trabalho danado fazer o bem nesse planeta. Olhar para si mesmo. Menos lacração, menos irresponsabilidade com informação. Mais diversão, mais piscina, mais prestar atenção à paisagem. Gente feliz não enche a paciência de ninguém.
Se você pudesse, qual seria a sua camiseta favorita? Pense aí.