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Desobedecer é preciso

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por Andréa Pontes

vou ali e já volto

Setor de serviços recuou em setembro. Significa? Na verdade, temos um calendário na Economia. Começo do ano veio forte com as safras do campo. Já no segundo trimestre, as férias fazem os índices subirem – mais criatividade com crianças em férias da escola, mais comida fora de casa. O terceiro trimestre é o chamado vale. Agosto vem com as famílias segurando as dívidas das viagens, dos restaurantes, das estratégias entreter os filhos. Setembro previa uma certa retomada. Mas, a economia deu certa desacelerada e a taxa em serviços caiu 0,3%. Com isso, o PIB sente o reflexo e cai 0,1%. Há esperança. Ainda assim, esse setor, que é relevante para a economia brasileira, está 3,4% a frente do mesmo período em 2022. O Desenrola , programa do Governo para descontos em dívidas dos brasileiros, continua a tirar do sufoco muitas famílias. Vem aí o décimo-terceiro para desafogar o bolso CLT de cada dia. O Varejo está confiante na Black Friday e temos Natal, Ano Novo e um novo começo de férias escolares (meu velho pai diria, se vivo, “não sei porque essas crianças ficam tanto em casa” – saudades, meu pai).

Esperança é o nosso nome, está implícito no DNA do Brasil.

Além dos números, o sol resolveu nos fritar também. Quem está rindo à toa é o varejo, com a venda de ventiladores, a busca pelo aparelho de ar-condicionado, pelo consumo batendo recordes dos 100 quilowatts, enquanto hidrelétricas liberam água das represas por excesso. Calor senegalês de um lado, chuvas torrenciais do outro.  Nunca é demais repetir o recado  que o planeta vem nos dando e que uma hora as malas já estarão prontas, sem direito à reconciliação.

Aqui do lado, o porvir não tem cara boa. Eleições na Argentina. Do ponto de vista econômico, o Brasil tem autopeças e bens industriais. A relação comercial entre nós e os Hermanos vem diminuindo. Há uma promessa de um candidato (que chegou a clonar um cachorro e rende um déjà vu de escolha muito difícil aqui no Brasil arrepiante) de fechar o Banco Central deles e dolarizar. O Brasil acaba tendo vantagem – imaginem os preços no país vizinho com o dólar. Por outro lado, mesmo a gente importando menos deles, igualmente os preços ficarão mais altos para nós.  Do outro lado, temos o candidato do atual governo, em que a inflação está em 135% (ui). Obviamente, esse percentual vem de longe. Em resumo: a tendência é piorar, pela ótica econômica.

Em tempo: todas as vidas importam. Crianças, idosos, jovens, adultos. Seres humanos importam. Toda criança tem direito a ver o mar. A brincar e a crescer. Diretos Humanos mal são discutidos nas escolas e a humanidade está precisando demais voltar à sala de aula da vida para aprender algumas coisas.

Em tempo 2: é assustador o número crescente de mulheres vítimas de violência no Brasil. Não tem classe social, não tem endereço certo. Obviamente, as mais pobres e pretas estão no topo da lista de sofrimentos e agressões. É escancarado, é a céu aberto, precisa, precisa muito acabar. Educação de anos e anos de um machismo estrutural. Não dá mais.

Em tempo 3: a frase veio de um pessoal que eu curto muito: o preço de qualquer coisa é a quantidade de vida que você troca por isso. Henry David Thoreau, o autor da frase, representa um monte de coisas. Escreveu o livro Walden, sobre a vida, a natureza, além de A Desobediência Civil.

Faça como o Thoreau, desobedeça e seja feliz do jeito mais simples possível. Proclame já a sua República.

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