Alguma coisa tem me incomodado profundamente. Nem estou falando do Brasil, porque o Brasil e eu desistimos um do outro faz tanto tempo. Num universo minúsculo, caseiro, pessoal e absolutamente limitado, tenho me sentido incomodada. Como se a gola da vida raspasse em meu pescoço. Meu blog. Meu blog tem me incomodado profundamente. As coisas que digo me incomodam. As escolhas que fiz. Que faço. Seu nome na boca de pessoas que eu nem gosto tanto assim? Me incomoda demais. Os horários. Os horários me incomodam. As mudanças. Alterações. A enorme quantidade de coisas em que devo me concentrar me incomoda muitíssimo. Não enxergar o essencial? Ah, incomoda sim. Velhos refrões, jargões e frases cretinas de propagandas dos anos 1990 me incomodam como se fossem moscas azuladas nojentas. Não me lembrar quando foi a última vez que nos vimos me incomoda demais. Quase certeza de que foi na casa dos amigos. Foi? Eu não me lembro. As coisas que não mudam me incomodam tanto quanto as que mudam. O momento da revelação. Amizades terceirizadas. O lacre da garrafa de leite. As garantias, a falta delas. Os vasinhos novos dos cactus. A inclusão dos outros na história. Os barquinhos. Palavras que não são minhas me deixam sem voz. Ando triste e cansada E sem voz. E incomodada.
Eu ando dolorida. Como se tivesse um machucado naqueles lugares que demoram a sarar porque estamos sempre bulindo, sei lá, como um corte bem da dobra do dedo, sabe, que esquecemos e mexemos e abre a ferida e sangra tudo de novo.
Lu, sim. Sangramos de novo e d novo e de novo.