A Simone trouxe um bolo. A ocasião não era de bolo, ainda que fosse, entende? Eu tinha assumido um trabalho grandão e a entrega era naquele mesmo dia. Fazia uma semana que tínhamos sacrificado nosso lindo Chico e estávamos (ainda estamos) muito arrasadas. E eu, que não ligo para o meu aniversário (não diga que eu não gosto, apenas não me emociono tanto assim com meu próprio nascimento) estava completamente destruída com o telefonema que não aconteceu. Com as felicidades não desejadas. Com o merecimento da desatenção. A Simone trouxe um bolo. E aquele bolo, aquele gesto, aquela entrega, foram o ponto alto de um dia tão raso. Reconhecer, mais uma vez, que pequenos gestos revelam o papel que desempenhamos na vida dos outros doeu mais do que qualquer outra maldade. Não é o primeiro reconhecimento, não é a primeira dor. A Simone trouxe um bolo. Era tarde, o trabalho ainda não tinha acabado, um choro enorme estava alojado na minha garganta e ela trouxe um bolo. Um bolo lindo, macio. Nozes, damascos. Teve vinho da Thamires, pães e mais pães da Carolzinha. Livros da Krysse. Flores da Naty. Quadrinho do Clau. Vivas e gentilezas e inda nem respondi todo mundo. A Simone trouxe um bolo. Durante o dia, eu disse o nome que me faltava em todas as aulas, sabe, um monte de vezes, por motivos totalmente idiotas, como se o dono do nome não existisse, nas aulas, exemplos, Fulano does not live alone, Fulano eats pasta. May I help you, Fulano? Fulano is a doctor, a lawyer, a singer, a fool, a very cruel creature from the swamps of undeserved laments, the love of my soul. Hola, Fulano, ¿cómo van las cosas? A Simone trouxe um bolo. O bolo da Simone não fez desaparecer o peso no meu peito, mas me fez um tantinho mais doce, amarga que estava. Com bolo, sem bolo, isto não é, jamais será um adeus. Sou incapaz, covarde, pequena, mas é um marco, o último aviso da vida para comigo, o fim de uma era. Doer é coisa que acontece, sofrer é da vida, mas insistir da dor depois de tanto tempo, tantas declarações definitivas, tanto cansaço, é só tristeza. Nem amor em demasia, nem destemor, nem falta de juízo, só tristeza. Só tristeza. Tristeza. A Simone trouxe um bolo
Te daria todos os Bolos do mundo pra sua tristeza acabar ❤️
Querida, seu bolo foi isso. O fim da tristeza. a volta para casa. Simples assim.
eu já disse, né: tão bonitinha a maneira de me destruir.
seu texto me fez peru, tô morrendo de véspera.
<3 <3 amor amor
obrigada por me escutar na mais triste das madrugadas. fui dormir respirando com soluço de choro e acordei dando conta da vida.
voltei pra dizer que chorei aqui porque eu já sabia.
e, ainda assim, esperei.
porque eu esperei? jamais saberemos.
ou saberemos: boba.
Também esperei. Também morri de chorar no dia. E depois, com a explicação “esqueci, trem coisa muito mais importante acontecendo na minha vida”, não chorei. Esperei o choro, o desespero, a agonia lenta e, até agora, quase um mês depois: nada. Nada.
Força para nós. Vamos sair deste estado catatônico de burrice.
https://www.youtube.com/watch?v=rQrDgQiWJV0
Que lindo lindo😍❤ As vezes nós não sabemos das tristezas do outro… Esses grandes gestos sempre nos fazem acreditar novamente e iluminam nossos caminhos para casa… FAl você é esse gesto GRANDIOSO, simples assim… Amor
Liamo <3 <3