Stay cool (foto de Andréa Pontes)
Fique bem
A semana me trouxe uma reflexão. Aliás, duas. Muito importantes.
A coisa continua insana. Não dá nem para culpar 2023, porque a gente já vem fazendo isso com 2022, 2021, 2020… então, é geral. Os dias são assim, corridos, cheios de emoção. Essa semana, eu lavei as mesmas roupas três vezes na máquina de lavar. Porque eu simplesmente esqueci de tirá-las da máquina. Houve dias em que dormi angustiada. Em outros, acordei angustiada e me perguntava – por quê? Quando eu identificava os motivos, eu mesma me assustava. “Sério?”. Sério.
Daí que recebi um presente. O livro Olhos Avisados, Olhos de Ver: entender a exercitar como enxergar além do que se vê, de Koji Sakamoto. Nele, o autor apresenta vários exemplos sobre como enxergamos quase nada, apesar de nossos olhos serem saudáveis. Há uma passagem muito interessante, na qual um senhor está sentado em um banco de praça, quando um jovem se senta próximo a ele. Esse jovem não estava bem e o senhor se aproximou para ajudá-lo. A ajuda era justamente a pergunta sobre o que ele via. O jovem não estava vendo as flores, muito menos passarinhos, tampouco a cor do céu. Estava imerso em seus problemas. Em outra ocasião, Sakamoto fala que muitas vezes pedia às pessoas que fechassem os olhos e perguntava-lhes qual a cor da gravata dele. Ou, qual comunicado estava no mural do corredor. Muitas vezes as pessoas erravam. Às vezes, as coisas estão na nossa frente e não enxergamos.
Você, aí, está com os olhos de ver ou seus olhos estão avisados, atentos?
A segunda reflexão é que segunda-feira, dia 24 de julho, é o dia internacional do autocuidado. A data faz parte do calendário da Organização Mundial de Saúde, porque, infelizmente, o que mais precisamos é nos cuidar. Os números não são bons. De acordo com a Associação Nacional de Medicina do Trabalho, 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem de Síndrome de Burnout. O Brasil é o país com mais pessoas com crise de ansiedade no mundo – 9,3% das 300 milhões pelo planeta (as diagnosticadas). Podemos ainda falar do pouco acesso ao tratamento para a saúde mental, às altas taxas de violência, ao medo. Mas, queria mesmo falar sobre o que é possível. Assim, eu me ofereço como exemplo. Não, não é nada fácil a gente se abrir dessa forma. Mas, se posso ajudar outras pessoas, vale a tentativa.
Há uns sete anos, venho em uma jornada de transformação. Os sintomas explodiram, mesmo, em 2019. Eu sequer os conhecia e vim a saber há pouco tempo que a coisa toda já estava instalada. Acordar cansada, balançar as pernas sem parar, irritabilidade, dores no corpo diárias, insônia. Subir uma ladeira simples tirava o fôlego e tudo doía. Em dezembro daquele ano eu alcancei esse resultado: 50 quilos acima do meu peso, pré-diabetes, fibromialgia e picos de pressão alta. Precisei me reinventar. Em 2020, comecei um caminho, passo a passo. Primeiro, a saúde, médico, exames. Depois, alimentação mais controlada. Os exercícios vieram aos poucos. A meditação começou a fazer parte de forma desorganizada da rotina. Ter alguém para conversar foi outro ponto ótimo. Os amigos ajudam, o marido ajuda, mas um profissional ajuda muito mais. O Johrei – que significa em japonês limpeza do espírito – me ajudou muito a me sentir mais leve. Aliado a isso, a filosofia de fazer bem ao próximo é fazer a si mesmo – entrou em definitivo na minha agenda fazer arranjos florais (minibanas) para entregar nos mais variados lugares. Hoje, o açúcar está controlado, já se foram 23 quilos. Encontrei prazer em nadar, em acordar cedo para me treinar, já fiz uma caminhada de 3 km e não fiz feio. O principal é que é possível. É possível dizer sim em primeiro lugar para você. É possível e mandatório incluir coisas para o seu bem-estar na agenda.
Se cuida. Fique bem.