por Andréa Pontes
Depois da greve, a chuva (foto de A.P.)
A gente coça a cabeça. Olha o noticiário, as contas e fazemos escolhas. Assim é a dona de casa, eu, você, todo mundo. Com o Governo, não é diferente. A orientação é cristalina: gaste menos, arrecade mais. O combinado de arrecadação é de R$ 168 bilhões. Por um lado, taxação de fundos com rendas altas e offshore (investimentos fora do Brasil). Arrecadação prevista de R$ 20 bilhões. Por outro lado, a desoneração da folha de pagamento vai deixar de arrecadar R$ 20 bilhões. O aumento dos impostos afeta a indústria. Setores (calçados, por exemplo) já indicam cortes em postos de trabalho.
A gasolina sofreu queda no preço. Boa notícia. Já o diesel aumentou. O que significa: é inverno nos Estados Unidos e na Europa – casas precisam de aquecimento (diesel). Então, é uma época tradicional de aumento.
É aquilo. A mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta. De olho nesses movimentos de o Governo organizar a casa, o Copom – Comitê de Política Monetária – garante o combinado de chegar até 11,75%. Mas, está de olho na taxa de juros dos Estados Unidos, que vai mantê-los em alta.
Já no combinado que vários países fizeram de equilibrar o desequilibrado clima do planeta, compete ao Brasil proteger florestas e biomas do desmatamento. No Cerrado, aumento pelo quarto ano consecutivo. O Governo está mobilizado para reduzir índices. O presidente Lula está no Oriente Médio, vai participar da COP-28 e vai defender o combate ao aquecimento global. Já foi recebido por Mohammad bin Salman, príncipe herdeiro da Arábia Saudita, no Palácio Real Al Yamamah. Esforços não faltam. Mas, ainda há muita gente que precisa se convencer de que lucro por lucro não garante estadia aqui na Terra.
Metrô, trem, Sabesp e professores em greve. Um dia daqueles em São Paulo, que terminou com chuvas e trovoadas pela noite adentro. E, no Rio, traficantes assaltaram agentes da Força Nacional de Segurança no Rio de Janeiro. Os agentes disseram que o aplicativo de localização os induziu ao erro. Quem nasceu, foi criado, ou vive no Rio já sabe há tempos que o Rio é infernalmente democrático: não há fronteira entre favela e asfalto.
É o nosso Brasilzão. A gente sofre. Mas é nosso.