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A vida é um carnaval. É só prestar atenção.

  • por

pos Andréa Pontes

Milton e os bailes da vida

Sempre me encantou o samba. Tá bom, sou carioca, criada no mesmo bairro da escola de samba União da Ilha do Governador. Facilitou, é verdade. Mas, o que hoje enxergo, prestando atenção com ajuda dos anos, é um espelho da nossa própria vida.

O Carnaval não começa em janeiro. Ele começa meses antes, aliás, logo que termina o desfile de uma escola de samba, já se analisa o que virá do próximo ano. Uma lição de planejamento. Se bobear, nem quem faz parte dessa preparação faz isso na própria vida. Isso vem com a idade, talvez por faltar menos tempo para deixar a vida, pensamos mais no que vamos deixar para quem fica. Sim, sabemos que há os que não estão nem aí para isso.

Outra coisa que o Carnaval mostra é a paixão. Blocos, escolas, bailes fazem parte do calendário do País há anos. Essa paixão move milhares de pessoas. Há histórias por trás dos nomes, há vidas, há dores, amor, renascimentos. A escola cuja diretoria brigou e uma parte fundou outra escola. O bloco que honra o nome por algo que marcou amigos. É o reflexo das nossas histórias, famílias, marcas de felicidade ou de tristeza. É a vida em si.

Há os que sobrevivem pelo Carnaval. Famílias aumentam renda vendendo bebidas, lanches para os foliões. Famílias vivem da confecção de fantasias. Artistas percorrem jornadas de luta para hoje brilharem por trás do brilho de carros alegóricos. Em cada lantejoula, cada tinta, cada desenho, tem vida. Não há como lembrar do alegre Milton Cunha, que saiu do preconceito da própria família por sua opção sexual e hoje faz parte da alegria de nós, brasileiros.

São meses de foco, propósito, amor, paixão, sofrimento. Quantas vezes sentimos isso no mesmo dia? Na hora, no grande momento, tem imprevisto, nervosismo, aprendizados, borboletas no estômago. Quem nunca lidou com tais coisas? Só há um vencedor, não, é uma comunidade inteira. Que luta, trabalha fora, respira, chora, ri, dorme pouco, acorda tarde, come, não come.

Nas avenidas dos sambódromos, das ruas, das casas, são milhares de corações de cores, cabelos, opções sexuais, pensamentos, níveis de riqueza diferentes. Todos se misturam, porque estão com foco único – serem felizes, brilharem. É hoje o dia da alegria, já diz o samba.

Que bom, seria, se todos nós acordássemos e fizéssemos do Carnaval uma rotina. Fazer de cada dia um só por hoje.

Só por hoje, sermos iguais.

Bom Carnaval. Se você é do bloco cama, livros e streaming, leia https://falvitiellodeazevedo.substack.com/p/o-que-ler-em-4-ou-5-dias-parte-1?r=6mkgj&utm_campaign=post&utm_medium=web.

E bom Carnaval.

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