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Onde é que a gente acha um respiro?

Ouvi de uma amiga, essa semana, que ela não estava dando conta de tantas notícias. Apaixonada pelo noticiário, concordo com ela. Por mais que informação seja um hábito diário em nossas vidas, querendo ou não, estamos adoecendo. Mentalmente. A quantidade de dados e impactos é tanta, que não é irreal lermos somente títulos ou examinarmos flashes de conteúdos. Ainda assim, é comum sentir uma certa tontura, a cabeça pesada. É muita coisa. Mesmo.

Já estamos fragilizados. Pode não parecer, mas a pandemia mexeu com a gente. Sem pausa para o descanso, agora estamos vendo cenas de mortes, maldades em nível animalesco, consequências preocupantes. Apocalipse, Juízo Final. São os fatos.

Se somos capazes disso, somos capazes de outras maldades. E há coisas que nem sempre estão no noticiário. Estão no dia a dia. Passamos por isso na pele. E, assim, vamos morrendo aos poucos. Decepções e mau-caratismo a sangue frio matam, acredite.

Se fôssemos prestar atenção, de fato, a cada coisa que acontece, enlouqueceríamos. Talvez, por isso, a gente ande superficial, sem conseguir dar conta de tudo. Por um lado, abrimos a porta à desinformação, à volatilidade e à liquidez social. Por outro, de um jeito errado, somos poupados de saber tudo o que acontece. Será?

É melhor ser cego, fingir que não vê, experimentar uma felicidade à base de medicação? Penso que não, mas tem sido a forma de sobreviver de milhares de nós. Talvez, as cenas que chegam do Oriente Médio sejam um grande chacoalho. “Apenas, parem”.

Tudo demorando em ser tão ruim, verso da música Desde que o samba é samba, de Caetano e Gil, pega de jeito a alma. Ouvimos desabafos, rimos de nervoso. Nem a Seleção Brasileira de Futebol masculino nos ajuda. Ainda bem, temos Corinthians e Palmeiras, um Derby, na final da Libertadores pelo futebol feminino.

Ainda bem, alguém nos conta sobre outro alguém que gosta de nós. Ainda bem, temos gente por perto. Gente que nos faz rir, que nos ampara. Que cuida de nós. Que torce para dar tudo certo. Ainda bem que temos bichinhos, a Natureza, emanando amor sem nada pedir em troca. Ainda bem que colhemos bons frutos.

Ainda bem que há respiros.

Ainda.

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