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Um mês de doces aniversários

  • por

por Krysse Barros

Escritores nascem, amadurecem, reproduzem-se e morrem. Não importa se nascem destinados a ser escritores ou constroem sua escrita ao longo da vida. Demoram a amadurecer, precisam ser alimentados com elogios frequentes.

         Ao morrer alguns se tornam imortais. Considero eternos os que mexem com o meu coração e ideias. Os escritos me conectam a pessoas diferentes do que sou. É formado um elo, um je ne sais quoi entre o escritor e eu.

         Fevereiro é o mês mais curto e imprevisível. A cada quatriênio tem 29 dias, quase se transformando em um abril ou setembro. Nos anos seguintes volta aos irrisórios 28 dias até que transcorram outros quatro anos. É o enfant terrible dos meses, filho da translação da terra e do calendário juliano.

         Aqui na redação da revista temos aniversariantes no mês, mas somos discretos e não falamos sobre isso. Saibam quem são os escolhidos a participar como aniversariantes de fevereiro. Temos à nossa disposição:

         Gay Talese, Gaetano, nasceu em 07 de fevereiro de 1932, em Ocean City e, desde o começo de sua carreira, no New York Times, manifestou sua opinião de forma contundente, algumas vezes vestido de razões em tecido fino, em outras ocasiões, nu de propósitos.

         Escritor esportivo, transferido para a editoria de política, logo ficou entediado e tentava, sem sucesso, escrever matérias de cotidiano. Depois de algumas colaborações para a revista New Yorker, Talese pôde, enfim,  estabelecer seu estilo na revista Esquire – que incluiu desde sempre fraque, cartola e uma dose a mais de uísque.

Esperamos, encantadas, o livro que ele vai publicar aos noventa anos e brindamos ao escritor que ele é.

         Henfil nasceu em 05 de fevereiro de 1944, em Ribeirão das Neves, perto de Belo Horizonte e, como os irmãos, sofria de  hemofilia.

Hiroshima meu humor, Diário de um cucaracha, Henfil na China, Henfil de libertação, Cartas da mãe, Como se faz humor político, Diretas Já! – seus livros são marcos importantes na literatura brasileira contemporânea. Até a seção de cartas de sua coleção de gibis – o querido Fradim – é uma deliciosa obra literária. Ele escreveu no Jornal do Brasil, Pasquim, Jornal dos Sports, Revista Veja, Realidade, amealhou milhares de leitores fiéis, alguns desafetos e, claro, amores.

Sua voz é ainda fundamental, necessária, num país que insiste em flertar com a ruptura do estado de direito. Ele faleceu em 04 de janeiro de 1988 no Rio.

Os Fradinhos, o Bode Orelana, Ubaldo, o paranoico, o sapo Ivan e a querida Graúna vivem em nós.

O humor que vale para mim, é aquele que dá um soco no fígado de quem oprime. – Henfil

Krysse de Barros. Gosto de cachorros e gatinhos, de árvores e de praias ao pôr-do-sol. Sou advogada, mas podia ter sido arquiteta, e mãe de quatro humanos e dois cães, Canela e Lobo.

Instagran: @kmrb66

blog: umatabacariabrasileira.tumblr.com

Twitter: @KrysseB

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