O poeta recolhe as imagens ao seu redor e as expande. Guarda a ternura do lugar e das coisas e introduz, na tessitura do poema, seres insignificantes. À vida útil, nada servem, no poema são o mundo.
JANELAS
Demora pouco o lixeiro passa
e o moído das tralhas entra pela minha janela.
Outro trisco
e ouço o coro dos sabiás em seus cantos de cortejo.
Mal viro de lado é hora de acordar.
O tempo também passa assim
com pouca graça
pela sua janela?
Do grão de areia no sapato ao pio da cambacica, tudo serve à poesia do autor. As coisas que levam a nada são revestidas da maior importância. O poeta inventaria o mundo a partir do seu quintal.
As imagens estabelecem intensa relação com as coisas ditas reais por meio do intangível. Pois a poesia deste livro não se toca com as mãos. Por meio dela nada se pretende. É a comunhão das coisas humildes, próximas ao chão à ternura do que queremos que o mundo seja.
172 páginas
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