Eis que passa pela nossa porta o homem de nossas vidas: Junior, o moço que vende ricota. Sim, ele vende ricota num isopor. Sim, antes de nos entregar a ricota, Junior faz um discurso sobre como estava no mundo, foi salvo pelo senhor Jesus e agora vende ricotas, queijos e réstias de alho para ajudar a igreja. Jamais perguntei qual igreja, nosso relacionamento não sobreviveria. Pago as ricotas em dinheiro, desejo boa sorte na recuperação dele longe das drogas, digo um simpático “até-semana-que-vem” e entro para preparar maravilhosos patês e incríveis molhos de macarrão com a divinal ricota de Junior. Salva, certamente não pelo senhor Jesus, mas, né, o meu salvamento, por si só, já é um baita milagre.
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Amando a moda dos kimonos porque ainda tenho os meus dos anos 1990.
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Panetongas, panetongas de mil recheios, caros, baratos, com frutinhas, com passas, panetongas, panetongas: amo vocês demais.
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Você está se sentindo meio ridícula? Talvez. Mas e daí? Você já passou por coisas muito, muito piores do que bancar a tonta. É da vida. Siga em frente.
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Há dez mil anos, comprei velinhas de lavanda de um vendedor do mercado Livre. Elas vêm em latinhas e têm um cheiro maravilhoso. Quem é que acha o vendedor naquela zona? Que tristeza, só tenho mais duas.
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Cheiro de creme sem cheiro: pior cheiro do mundo.
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Um dos prazeres da vida de professora é ouvir Andrés Calamaro com a Ofélia. Ah, Ofélia e eu sentimos falta do trema.
Encomendei meu primeiro panetone, desses de supermercado mesmo, botando fé que se não tenho mais nenhum desejo na vida, vou pelo menos desejar panetone. Tô me sentindo ridícula? sim, mas nem é o pior. Tô me sentindo oca. Resolvi estudar, aprender uma coisa nova. Tô estudando? caro que não, mas o tanto de dinheiro que já gastei em livro, caneta, caderno novo pra fazer anotação, etc, vai deixar meu cartão no vermelho até junho. Tô paquerando até uma escrivaninha nova. Becky Bloom era uma amadora. Inclusive agora estou desejando comprar velinhas perfumadas. Anota aí nas suas dívidas cármicas.
Velinhas perfumadas: sim. Só te dou conselho caro. Sua escrivaninha vai abalar a civilização. Sobre o estudo, tou te achano o máximo, vais estudar o que?
eu sempre margeei (existe essa palavra?), a obra do Dejours, até li alguma coisa, mas ficava ali, nas beiradas. Agora vou ver se mergulho na psicodinâmica do trabalho com coragem.
Mar menina, vc é muito da maravilhosa.