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Novos episódios da série que é ruim, mas é boa, mas ok, é ruim mesmo

Meu objetivo maior é ter uma – e só uma – prateleira de sapatos. Ocupar, com minhas roupas, não mais do que um lado do armário. Fazer com que todas as minhas maquiagens caibam em duas bolsinhas. Não deixar que meus esmaltes ultrapassem a caixa que dei para eles morarem. E não ter mais bolsas do que já tenho – e acho que tenho demais. Não quero mais vestidos e não quero desejar mais vestidos. Não quero mais trequinhos de cabelo, vidros de água micelar, base ou corretivo. Tenho protetor solar até 2020. Não quero mais canetas, lápis, borrachinhas. Clips. Não quero mais coisas. E nem mais gente, já que falamos nisso. Quero menos de tudo, com a possível exceção do silêncio. Isso, quero mais.

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Alguém me disse que meus gestos são “chatos e ninguém se importa”. Doeu, porque é verdade. 

Tenho idade para estar ressentida há mais tempo, magoada há mais tempo e resignada há mais tempo, mas ei, a vida me poupou e cheguei aos quase cinquenta anos antes de precisar soprar tantos dodóis. Vamos chamar isso de “uma baita sorte”.

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Pão com geleia de morango e manteiga de amendoim, a quase perfeição. Perfeição mesmo, e Charlie Brown concorda comigo, alcançamos ao unir em sagrado matrimônio manteiga de amendoim com geleia de uva, mas geleia de uva boa de verdade é artigo raro no mercado, não me perguntem o motivo. Não se encontra da boa por aí. Vamos com a de morango, Charlie, nós trabalhamos com o que é possível.

(Esse “da boa” faz parecer que estou falando sobre drogas. Bem, estou.)

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Se não chamaram você, gata, não queriam que você fosse.

Pode parecer simples, mas a pessoa, que já não é a batatinha mais crocante do pacote, quando em negação alcança patamares insuspeitos de idiotice.

E a ficha só cai vinte e quatro horas depois que você se ofereceu para ir à próxima.

Fevereiro de 2019

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